Por Kelly Marciano (da Redação)
Bilhões de galinhas e perus correrão o risco de sofrer mais abusos se o Departamento de Agricultura dos EUA mudar seu sistema de ação sobre abatedouros, que já são os locais mais desumanos que qualquer animal poderia presenciar, seja ele humano ou não humano. Estas novas mudanças permitirão a autorregulação da indústria e retirarão qualquer responsabilidade do governo sobre a crueldade que é perpetrada nestes locais. As informações são do Care2.
Perto de milhões de galinhas e perus sofrem uma morte horrível, sendo cozidos vivos todos os anos nos abatedouros dos EUA. As práticas atuais de abate envolvem pendurar galinhas e perus pelas pernas antes de serem abatidos, de cabeça para baixo, e cortar suas gargantas friamente. Entretanto, esta etapa do assassinato é muitas vezes pulada diretamente para o cozimento.
35% das citações no Ato de Inspeção de Produtos Avícolas entre janeiro de 2011 e julhos de 2012 são sobre cozinhar aves vivas. Alguns inspetores atribuem isso à velocidade das linhas de produção, de acordo com o Washington Post.
Com a nova linha planejada, a velocidade será elevada de 140 aves por minuto para 175 aves em abatedouros de galinhas e de 45 aves por minuto para 55, nos abatedouros de perus. Cerca de 40% dos inspetores do governo também serão substituídos por empregados dos abatedouros das avícolas.
O plano tem entre seus opositores o Animal Welfare Institute, o Farm Sanctuary e o Safe Food Coalition, que inclui o Center for Foodborne Illness Research & Prevention, o Consumer Federation of America and Food & Water Watch, entre outros.
Os críticos acreditam que menos inspetores do Departamento de Agricultura dos EUA e linhas de produção mais rápidas aumentarão o tratamento desumano e os maus-tratos de aves frágeis nos abatedouros e diminuirá ainda mais a possibilidade de abolir a exploração de animais na indústria da carne. Os animais que já são abandonados para a morte unicamente para satisfazer o consumo humano serão completamente ignorados por qualquer departamento público.
O Departamento de Agricultura dos EUA tem um programa piloto chamado HACCP-Projeto Modelo de Inspeção que foi duramente questionado em sua eficiência. Segundo um relatório do Escritório de Contabilidade do Governo diz que o Departamento de Agricultura dos EUA não analisou corretamente vários dos programas e que nem se importou em analisar os resultados dos abatedouros de perus porque envolviam apenas cinco abatedouros.
O Serviço de Inspeção de Comida do Departamento de Agricultura do EUA alega que estas mudanças trariam mais segurança para a alimentação humana, mas não reconhece que elas aprofundam mais ainda a exploração animal. A exploração e o assassinato de galinhas e perus para alimentação humana é tratado pelo governo americano como algo normal e que deve ser “deixado à própria sorte”.
Nota da Redação: É importante frisar que não há a menor possibilidade de um abatedouro ser (conforme os termos da indústria) “humano”. Não há tratamento aceitável quando, no fim da atividade, os animais serão todos mortos para o consumo humano ou explorados para qualquer capricho de nossa espécie. Dar autonomia para a indústria que trata animais como mercadorias é se afastar de qualquer responsabilidade sobre a proteção destes indivíduos e é, também, ser indiferente (e conivente) à crueldade que a própria indústria representa.