No Brasil, mais de oito milhões de perus são mortos para a celebração do Natal. Desse total, aproximadamente 90% são comercializados pela BRF, segundo a própria empresa. São milhões de vidas ceifadas para saciar o “paladar natalino”. Geralmente a ave, que viveria naturalmente pelo menos dez anos, é morta com pouco mais de dois meses, e peso que varia de três a seis quilos, considerado o ideal para o Natal.
As fêmeas são as preferidas porque não crescem tanto quanto os machos, assim tendo maior aceitação comercial nessa época do ano. Quando atingem o peso almejado pela indústria, os perus são deixados em jejum, para favorecer o esvaziamento gástrico. Depois são transportados até o matadouro em gaiolas apertadas sobre caminhões.
Ou seja, tudo em prol da carne, e nada em benefício do animal, mesmo que ele esteja próximo de seu fim. Chamam isso de “bem-estar animal”, desde que a ave tenha vivido por curto período em algum espaço que a permitisse mover, mesmo que desconfortavelmente, as asas e os pés. O estresse do confinamento intensivo normalmente é desconsiderado.
No matadouro, o abate é feito introduzindo uma faca de dois gumes pela garganta do animal, assim cortando as artérias e as veias do pescoço enquanto ele se debate de cabeça para baixo, com os pés presos por grilhões. Mais tarde, o peru é depenado em água bem quente, limpo, embalado e comercializado como qualquer produto jamais dotado de vida. Em pouco tempo, ele é comprado e servido no dia em que é celebrado o nascimento do menino Jesus.
Ao redor da mesa, as pessoas não verão nada de errado em se alimentar dessas criaturas. Dificilmente alguém vai dedicar tempo refletindo sobre a vida de quem repousa como alimento sobre a mesa. Afinal, o que tem errado em colocar o paladar acima da empatia?
Celebrar a vida com a morte, financiar a crueldade contra outros animais, há muito tempo se tornou parte da humanidade. Talvez possa parecer estranho, mas é exatamente isso que endossamos o ano todo. Claro, mais ainda em época de “espírito natalino”, um período sempre marcado pelo aumento exponencial de mortes de animais não humanos.
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