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Milhões de burros são assassinados anualmente em nome da vaidade e da superstição

18 de novembro de 2016
5 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: Simon Parry
Foto: Simon Parry

Milhares de jovens burros são explorados em uma fazenda no norte da China. Eles estão a apenas alguns dias de serem assassinados para a produção de ejiao, uma gelatina que supostamente preservaria a juventude, feita com as peles dos animais.

Todas as semanas, milhares de outros jumentos chegam a Dong’e, epicentro de uma indústria multibilionária responsável por inúmeras mortes apenas por causa da vaidade e da superstição. O chefe de uma fábrica mostrou-se orgulhoso de ter lucrado £ 140 milhões com a venda de produtos ejiao em 2015.

“Nossa única preocupação é que um dia, em breve, não haverá mais burros para matar”, disse ele. Tragicamente, ele não estava exagerando. Durante séculos, considerados símbolos de paz e humildade, burros estão sendo massacrados em todo o mundo por causa da crueldade e ganância dessa indústria.

Uma investigação realizada pelo Daily Mail revelou que quatro milhões de burros são mortos todos os anos para atender a demanda por ejiao e o chefe de uma instituição britânica alertou sobre a iminente exploração de burros em grande escala. Foi descoberto também que a classe média chinesa acredita nas alegações de que o eijao torna os “homens viris e as mulheres bonitas” e cientistas estão desenvolvendo raças de burros que crescem mais rápido.

Existem 10 mil homens e mulheres empregados nas fábricas de Dong’e, onde as peles dos burros são fervidas e liquefeitas para a produção de petiscos, pós e cremes faciais que os chineses acreditam ser a chave para uma vida longa e duradoura apesar de não existir nenhuma evidência médica que comprove esta crença.

Foto: Simon Parry
Foto: Simon Parry

Esta indústria, promovida entusiasticamente por seu governo, reduziu em 50% a população de burros do país e agora ameaça burros em todos os continentes. Milhões de burros com até três anos são assassinados na África, na Ásia, na América do Sul e no Oriente Médio e seus couros são exportados para abastecer o apetite insaciável da China por ejiao.

Mike Baker, executivo-chefe do Donkey Sanctuary, de Devon, que acompanha de perto a situação, disse: “De repente, estamos vendo uma demanda incrível. Só na África, os números podem chegar a milhões. Por exemplo, em Burkina Faso, que proibiu o comércio, 65 mil animais são mortos ilegalmente a cada ano”.

Há uma década, os burros eram comercializados por £ 50, hoje são vendidos por £ 250, sendo que clientes chineses pagam até £ 200 por mês para obter ejiao.

As pessoas acreditam que o eijao ajuda na preservação da juventude, melhora a circulação e o desejo sexual e torna os trabalhadores infatigáveis.

Foto: Simon Parry
Foto: Simon Parry

Em cenas doentias em Dong’e, onde mais de 100 fábricas produzem ejiao, os investigadores observaram centenas de peles de burro da África do Sul sendo descarregadas de um caminhão e um deles esfolado na rua enquanto moradores passavam pelo local.

A Shandong Dong’e Ejiao (DEEJ), a maior fábrica chinesa de eijao e que processa um milhão de couros de burro por ano, está negociando a criação e o assassinato dos animais na Austrália e montou uma fazenda nos arredores de Dong’e com 10 mil animais que serão explorados, mortos e esfolados.

Em uma fazenda, diferentes espécies de burros jovens são aprisionados em fileiras. Segundo funcionários, cientistas têm trabalhado para criar uma nova raça da espécie que terá um tamanho maior e irá fornecer peles mais rapidamente em uma idade jovem.

A fábrica de Zhang Tengzhi – que atualmente processa três mil toneladas de peles por ano – está dobrando seu tamanho e capacidade para tentar acompanhar a demanda. “Agora, recebemos as peles de todo o mundo”, disse ele.

Foto: Simon Parry
Foto: Simon Parry

A Tanzânia é um país que abastece a demanda chinesa. Recentemente, 24 carcaças de burros foram encontradas em uma floresta. Eles tinham sido envenenados antes de serem esfolados.

Os países em toda a África tiveram um aumento exponencial na exportação de peles de burros. No Egito, o preço dos animais aumentou de £ 17 para £ 170, de acordo com pesquisa realizada pelo Santuário Donkey. Já na África do Sul, o problema surgiu nos últimos meses.

Nadia Saunderson, agente de extensão da Highveld Horse Care Unit, perto de Joanesburgo, disse que a demanda por ejiao na China provocou “uma enorme explosão na matança ilegal”.

“Em um incidente recente, fomos avisados sobre um matadouro registrado. Nossos inspetores foram para um local no meio do mato e resgataram 56 burros extremamente magros. Eles estavam sendo cruelmente mortos. Os responsáveis incontestavelmente trabalhavam para o comércio da medicina chinesa. Eles só estão interessados nas peles”, declarou ela.

Nota da Redação: É difícil encontrar palavras para descrever a extrema crueldade que estes burros suportam.  Estes animais estão sendo dizimados em todo o mundo devido à crenças e alegações completamente equivocadas que provocam a morte de milhões de vidas valiosas.  É ainda mais lamentável que as pessoas contribuam para esta matança em uma época com tantas informações e com a crescente conscientização do público em relação aos direitos animais.

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