Além de serem submetidos à condições horríveis no transporte em navios de cargas, como superlotação, desconforto, sujeira, exposição a doenças, falta de tratamento médico, os bois e vacas ainda correm o risco de morrer de fome.
A denúncia partiu de uma ONG de proteção aos animais administrada por britânicos, localizada na Espanha que pediu ajuda ao governo do país para salvar os 3.800 bois e vacas que ficaram sem comida a bordo de um navio de transporte cuja permissão para atracar em Cartagena foi negada.
No entanto, A ONG Easy Horse Rescue disse que representantes da companhia de navegação Talia Shipping Line Co Sarl entraram em contato com eles após terem sido impedidos de entrar no porto por causa de uma disputa legal que a empresa tem com um fornecedor de combustível.
Um porta-voz da Agência Marítima Blázquez, que opera o porto de Cartagena, confirmou que o ancoradouro planejado do AK Julia (navio que transporta os animais) havia sido cancelado “porque as autoridades não permitirão sua entrada”.
Os animais a bordo do AK Julia vão “morrer de fome”, informou o centro de resgate Easy Horse (EHRC) em um comunicado.
Os animais deveriam ser alimentados com a comida que seria embarcada em Cartagena no caminho do Brasil para a Turquia.
Mas Sue Weeding, da EHRC, disse a empresa Talia que as vacas ficaram sem alimento na segunda-feira de manhã e que os suprimentos de pellets, azevém e serragem foram arranjados na Espanha sem alternativas disponíveis.
O AK Julia chegou em Cartagena em 25 de agosto à noite. Um porta-voz da Talia disse que a empresa está tentando “resolver esse problema” unto ao tribunal local.
“Vamos levar esses animais para o porto para serem alimentados, estamos determinados a fazê-lo”, disse a Sra. Weeding ao Telegraph.
Susan Weeding, do Easy Care Horse Rescue Center que fica localizado próximo de Torrevieja (município espanhol), iniciou uma petição para tentar salvar os animais.
Majbd Bid, gerente de operações da empresa libanesa proprietária do navio, disse à Sky News que não foi autorizado a atracar por causa de uma disputa legal com uma empresa de combustíveis espanhola.
Ele acrescentou que “teme” pela vida das vacas e acredita que resta apenas um dia para salvá-las.
A Sra. Weeding diz que um membro da equipe da empresa libanesa, Talia Shipping Line Co Sarl, entrou em contato com ela no sábado, quando ficou claro que o navio não seria mesmo autorizado a atracar.
A responsável pela ONG, originalmente de Norfolk, no Reino Unido, disse à Sky News: “Parece que tudo começou na noite de sexta-feira, quando os funcionários da empresa descobriram que não teriam acesso”.
“Sendo o fim de semana eles não conseguiram contatar ninguém, então uma senhora do Líbano me contatou em desespero.
“Ela pesquisou pelas instituições de proteção aos animais em Cartagena no Google e a minha apareceu”.
A petição da Sra. Weeding alcançou quase 750 de sua meta de 1000 assinaturas até a manhã de terça-feira.
A responsável pela ONG planeja entregar a petição à autoridade portuária de Cartagena que não está permitindo que a embarcação aporte.
Ela continuou: “Se eles não permitirem que a comida seja embarcada no porto, deve haver uma maneira de levar comida para o barco, porque a comida está esperando em Cartagena para ser carregada no barco.”
Weeding disse acreditar que o navio estava perto de Gibraltar ontem, mas agora está “mais ou menos” na costa de Cartagena.
Bid disse: “Não saberemos quando ou como isso será resolvido.
“Temos muito medo dos que pode acontecer aos animais que temos no navio”.
“Eles estão sem comida e só temos um dia para salvá-los.
“O navio não é o mais importante para nós, são os bois e as vacas e o bem-estar animal.”
Embarque de animais vivos
A ativista e médica veterinária australiana Dra. Lynn Simpson, especialistas em embarque de animais vivos, que trabalhou durante anos em navios que transportam animais vivos, descreve o processo como uma “tortura”.
Segundo a Dra. Lynn, o interior de um navio de transporte é um ambiente “não natural” aos animais. O calor, a umidade, a falta de higiene, favorecem a proliferação de bactérias e infecções diversas. Doenças que em terra seriam facilmente tratadas e até curadas, tornavam-se fatais dentro do navio. Como exemplo disso, ela cita a conjuntivite e a pneumonia, que levaram muitos animais ao procedimento de morte induzida. Ferimentos nas pernas, em função da permanência em pé por longos períodos, também se tornaram motivo de morte.
“Quanto mais longa a viagem, pior o sofrimento dos animais”, enfatizou a veterinária.
A Dra. Lynn, em depoimento exclusivo à Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA), afirmou que “existem evidências claras de que esse tipo de comércio está causando dor e sofrimentos desnecessários aos animais visando apenas propósitos comerciais”.
Segundo a veterinária, “nós estamos valorizando o lucro em vez de focar na prioridade, que deveria ser o bem-estar animal. Não estamos tratando os animais como indivíduos, estamos negociando-os como commodities numa base de percentuais”, concluiu ela.
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