EnglishEspañolPortuguês

Cerca de 2,5 mil animais selvagens são mantidos em cativeiros particulares no Reino Unido, conclui pesquisa

10 de setembro de 2022
Vivian Guilhem | Redação ANDA
4 min. de leitura
A-
A+
Ouça esta matéria:
Milhares de colecionadores particulares estão mantendo “animais selvagens perigosos” no Reino Unido. Foto: IBRAHEEM ABU MUSTAFA

Milhares de animais selvagens como grandes felinos, jacarés e cobras venenosas são mantidos por ‘colecionadores’ em cativeiros particulares em todo Reino Unido, diz uma pesquisa do The Guardian.

O estudo descobriu que existem quase 2,5 mil animais selvagens na Inglaterra, enquanto outro estudo anterior, da Born Free, descobriu que existem cerca de 4 mil animais selvagens em toda a Grã-Bretanha.

Esses animais são mantidos em mansões, sítios ou jardins particulares, locais minúsculos, onde são explorados em cativeiro por pessoas que acham divertido e luxuoso “possuí-los”. Para eles, esses animais são considerados objetos, parte de uma “coleção”.

A pesquisa encontrou diversos tipos de espécies, inclusive algumas consideradas em perigo de extinção. Além das já citadas,  foram descobertos lobos cinzentos, antílopes, macacos-prego, jacarés, diversas espécies de felinos e outros animais em diversas cidades do Reino Unido. As informações são do Plant Based News.

No país, é preciso ter uma licença para manter animais selvagens sob a Lei de Animais Selvagens (1974) , porém, esta legislação provocou reações por ser desatualizada e insuficiente.

“Em primeiro lugar, é uma lei de saúde e segurança pública, não uma lei de bem-estar animal”, disse Chris Lewis, da Born Free Foundation, ao Plant Based News ( PBN ). “A intenção do ato é puramente impedir que esses animais machuquem pessoas, apenas isto”. Completou.

Por causa disso, diz Lewis, os padrões de bem-estar animal da lei são “incrivelmente limitados” e “muito desatualizados” e não atendem os interesses dos animais.

Muitos desses animais são mantidos em alojamentos inadequados e alimentados com o tipo errado de alimento. Primatas que foram resgatados recentemente, foram encontrados em gaiolas de pássaros, além de, muitos animais serem mantidos em grupos sociais incorretos, misturados a outras espécies, o que é extremamente perigoso e prejudicial ao meio ambiente.

Existem também alguns animais selvagens que seriam considerados perigosos, como as sucuris por exemplo, que, nem sequer, são necessárias licenças para mantê-los. Isso significa que existem muitos animais selvagens mantidos por particulares que não são regulamentados.

Além disso, os vendedores de animais selvagens não têm obrigação de verificar se o comprador possui alguma licença. Isso significa que, em teoria, as pessoas podem comprar animais selvagens sem nenhuma burocracia.

Foto: Reprodução | Plant Based News

Os animais mais populares para esses fins incluem cobras venenosas e grandes felinos. Muitos deles são criados e vendidos por centenas ou milhares de libras, e estão crescendo em popularidade devido às redes sociais.

“Você vê muitos TikToks e Instagrams de pessoas fazendo [manter animais selvagens] parecer glamoroso”, diz Lewis.

Muitas pessoas estão importando estes animais de outros países.  De acordo com Lewis, há um mercado crescente para animais selvagens na Europa Oriental. A República Checa, em particular, tem um grande programa de criação de tigres.

Além disso, muitos dos leões, por exemplo, mantidos por estas pessoas, são animais resgatados de circo, depois que a Inglaterra, o País de Gales e a Escócia proibiram seu uso em tais apresentações em 2020. Ou seja, parece que não houve um programa adequado de transferência e alocação destes animais e eles seguem sendo explorados, mas agora em jaulas de espaços particulares.

Outro grande problema do país é que existem relativamente poucos animais que as pessoas não possam manter em particular hoje.

Há uma lista de animais de espécies não nativas que não podem ser mantidos em nenhuma circunstância (incluindo guaxinins e tartarugas de orelha vermelha ), mas as regras são muito precárias.

“A menos que o animal esteja nessa lista, você pode adquirir o que quiser”, diz Lewis. “Há certas coisas para as quais você precisa de uma licença, e o resto você pode manter. É completamente desregulado e não dá pra ter uma ideia exata do que foi adquirido, por quem, onde e em quais condições se encontram esses animais”.

Ativistas da Born Free têm pedido ao governo que atualize suas diretrizes sobre manter esses animais.

Além de pressionar pela revisão do DWA, eles estão fazendo campanha por uma “revisão abrangente” da manutenção de animais domésticos ou domesticados em geral. Eles acreditam que esta revisão deve considerar se as necessidades de bem-estar animal podem ser atendidas em um ambiente de cativeiro, se os proprietários têm qualificações e experiência adequadas e se a manutenção dessa espécie tem algum impacto negativo na conservação.

Lewis acredita que eles devem seguir os passos de outros países europeus, incluindo a Bélgica, que têm “listas positivas” delineando animais que podem ser mantidos. Isso significaria que mais medidas deveriam ser pensadas ​​sobre quais animais deveriam fazer parte da lista e quais não deveriam.

“Achamos que é preciso haver critérios muito mais rigorosos para avaliar se as espécies devem ser mantidas”, diz ele.

Saiba como apoiar a campanha da Born Free clicando aqui .

 

Você viu?

Ir para o topo