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Dois mil porcos morrem ao cair em tanque com seus próprios resíduos

13 de junho de 2014
5 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: Care2
Foto: Care2

Os exemplos de crueldade chocante a que são submetidos os animais nas fazendas onde são criados para consumo humano são inúmeros, e já foram tão citados que torna-se difícil imaginar que haja algum do qual ainda não se tenha ouvido falar. Sempre surgem novos exemplos, e um deles ocorreu recentemente em Guelph (Ontário, Canadá), onde milhares de porcos morreram após terem caído em seus próprios resíduos. As informações são da Care2.

Por razões desconhecidas, no dia 6 de maio deste ano, o piso de um celeiro onde havia 2.500 porcos desabou por volta das 21:00. No entanto, não se tratava de um piso qualquer. Relatórios informaram que a estrutura consistia em uma plataforma suspensa a 2,5 metros de altura, que segurava os porcos acima do “tanque de esterco” dos mesmos.

Quando o piso cedeu, todos os animais foram arremessados para baixo, caindo uns sobre os outros. A queda causou a morte imediata de muitos, segundo a reportagem, mas centenas de outros porcos ficaram presos no tanque ainda vivos, em meio às fezes líquidas, debatendo-se, subindo uns nos outros, cobertos de dejetos, lutando por suas vidas e assustados ao extremo.

“Foram feitos esforços pelos fazendeiros locais e serviços de emergência para salvar tantos porcos quanto possível”, disse a Polícia em um comunicado. O trabalho de resgate continuou até a tarde do dia seguinte. No total, 2 mil porcos morreram no tanque, e somente 500 puderam ser resgatados. Não há informações sobre o motivo do acidente, uma vez que a estrutura de concreto do celeiro havia sido construída há apenas um ano. Dois funcionários que estavam no celeiro naquele momento escaparam ilesos.
“Há alguma indignidade que nós não iremos inflingir aos porcos para alimentar o desejo aparentemente insaciável da humanidade por bacon? Eles devem morrer assustados, machucados e debatendo-se em meio aos seus próprios resíduos?”, questiona a reportagem da Care2, complementando que essa é apenas mais uma situação de uma interminável lista de horrores imposta aos animais.
A reportagem relembra as tristes e cruéis realidades causadas pela criação de animais para consumo humano:
– Na indústria de ovos, os pintinhos machos são considerados “sem utilidade” e por isso são jogados fora ou triturados vivos aos milhões. As fêmeas são submetidas à “debicagem”, o que significa que têm os seus bicos cortados por uma lâmina aquecida. Para ver como funciona a trituração das aves vivas e a debicagem, clique aqui (imagens fortes).
– Para a indústria de laticínios, bezerros machos também são tidos como “desnecessários”. Eles são retirados de suas mães imediatamente após o nascimento, quando são presos em caixas onde não podem se mover para que, semanas depois, sejam mortos e tenham sua carne vendida para o mercado de vitela. O leite não ocorre espontaneamente nas vacas. Elas são mantidas constantemente prenhes para manter o fluxo do fornecimento de leite para a indústria. Por isso, quem é contra o consumo da carne de vitela mas consome leite e queijo está indiretamente apoiando a morte dos bezerros.
– No processo de criação de porcos, fêmeas prenhes são confinadas em celas de gestação nas quais não podem sequer virar para o lado. Para se ter uma ideia, salvo as devidas proporções, é como se um humano fosse forçado a viver eternamente em uma cabine telefônica ou em um assento de avião. Logo após o nascimento, as caudas dos leitões são cortadas, seus dentes são arrancados com alicates, e os machos são castrados. As medidas de corte de cauda e dentes são tomadas “para evitar o canibalismo”, algo que só ocorre ou ocorreria devido aos maus tratos e ao estresse do confinamento.

– As vacas enviadas para o matadouro nem sempre morrem após receber o tiro de uma pistola. Isso quer dizer que elas sobrevivem ao que vem depois – elas são penduradas por apenas uma das pernas, têm suas gargantas cortadas, sua pele cortada e suas vísceras retiradas. Se isso parece difícil de acreditar, o The Washington Post escreveu um artigo sobre o assunto chamado “They die piece by piece” (“Eles morrem pedaço por pedaço”).

“Eu vi milhares e milhares de vacas passarem vivas pelo processo de abate”, disse em uma declaração o veterano Fuentes, trabalhador que acidentou-se durante o trabalho com os bovinos. “As vacas podem ficar penduradas por sete minutos e ainda estar vivas. Eu estive no lado extrator quando elas ainda estavam vivas. Lá, todo o couro é retirado do pescoço para baixo”, conforme um trecho do artigo.

– Galinhas e perus criados para consumo humano são reproduzidos e alimentados para um crescimento rápido e anormal. As galinhas, por exemplo, são 300 por cento maiores hoje do que eram em 1960. Elas crescem tanto e tão rápido que suas frágeis pernas muitas vezes não conseguem suportá-las, e sofrem fraturas. Elas estão amontoadas em gaiolas ou locais apertados, geralmente sem poder ver o sol ou ficar ao ar livre por todas as suas breves vidas. Cada galinha tem para si apenas o espaço do tamanho de um iPad ou de um pedaço de papel, dentro de uma gaiola cheia de outras galinhas.

Há infindáveis práticas desumanas na criação de animais para o consumo humano, e esses são apenas alguns exemplos, sem contar os impactos ambientais, como a necessidade de 15 mil litros de água para produzir um quilo de carne , e os fatores econômicos, como o fato de metade dos grãos do mundo serem destinados a alimentar o “gado” ao invés de serem usados para saciar a fome das pessoas.

A reportagem finaliza alertando que, se não despertamos para o fato da indústria da carne e derivados ser tanto cruel quanto imponderada em todos os sentidos, teremos um problema monumental em nossas mãos, ou melhor, de fato, nós já temos.

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