Uma estudo identificou que microplásticos foram encontrados no sangue de vacas e porcos, na carne e em subprodutos da pecuária, o que significa que essas partículas já estão sendo ingeridas por seres humanos. Cientistas da Universidade Vrije, em Amsterdã, apontam que a descoberta implica em uma crise sanitária. Mais estudos estão sendo realizados para avaliar o nível de toxidade para os seres humanos expostos ao consumo de carne e alimentos de origem animal com microplásticos.
“Nós descobrimos evidências preliminares de vestígios de partículas de plástico na corrente sanguínea de animais de fazenda. É do interesse da proteção da saúde humana e animal explorar ainda mais esse sinal nascente de exposição à poluição por plástico na cadeia alimentar. Já sabemos que centenas de outros animais também têm microplásticos em seus corpos. Mas em vacas e porcos, isso não havia sido descoberto antes”, disse um dos autores do estudo.
Os pesquisadores afirmam que os microplásticos chegam até o organismo desses animais através do alimento e é repassado para os filhotes pelo leite materno. Há ainda o agravante dos animais defecarem e depositaram essas partículas no solo, pois elas não podem ser digeridas e decompostas pelos organismos dos animais, criando um circulo vicioso que atinge outras camadas da cadeia alimentar e polui o solo e o meio ambiente.
Mar de plástico
A poluição plástica é mais comumente associada aos animais marinhos, principalmente tartarugas. Microplásticos estão tão presentes na vida marinha que já alteram a estrutura química desses animais. Cerca de 3.760 toneladas de entulho de plástico estão flutuando no Mediterrâneo, de acordo com um estudo publicado no início deste mês. Pesquisadores do Centro Helênico de Pesquisa Marinha da Grécia estimam que 17.600 toneladas de plástico entram no mar a cada ano.
Os microplásticos têm 5 mm de comprimento ou menos e são formados à medida que o plástico se quebra em partículas minúsculas. As minúsculas partículas estão por toda parte: são produzidas a partir da quebra de bolsas e garrafas, do desgaste e do rasgo das solas de nossos sapatos enquanto caminhamos e dos pneus de nossos carros enquanto dirigimos. Eles estão em nossa água, alimentos e nas superfícies que tocamos e os cientistas estão apenas começando a entender o impacto dessas partículas.