EnglishEspañolPortuguês

POLUIÇÃO

Microplásticos são encontrados em nuvens — e podem agravar crise climática

Pesquisadores do Japão examinaram a presença de partículas atmosféricas na água das nuvens e sua contribuição para as mudanças climáticas

3 de outubro de 2023
Redação Galileu
3 min. de leitura
A-
A+
Foto: Ilustração | Freepik

ciência já sabe que os microplásticos — partículas de polímeros com menos de 5 milímetros — estão por toda parte: nos oceanos, na água que bebemos e até dentro do organismo humano. Mas, segundo um novo estudo conduzido por pesquisadores do Japão, eles também podem estar nas nuvens.

Liderados por Hiroshi Okochi, professor na Universidade Waseda, os cientistas japoneses traçaram o caminho dos chamados microplásticos atmosféricos enquanto circulam na biosfera. O trabalho foi publicado em agosto no periódico Environmental Chemistry Letters.

“Microplásticos na troposfera livre são transportados e contribuem para a poluição global. Se o problema da ‘poluição do ar por plásticos’ não for abordado de forma proativa, as mudanças climáticas e os riscos ecológicos podem se tornar uma realidade, causando danos ambientais irreversíveis e graves no futuro”, alerta Okochi, em comunicado.

Segundo os autores, 10 milhões de toneladas desses fragmentos acabam no oceano e encontram seu caminho na atmosfera. Isso significa que os microplásticos podem ter se tornado um componente essencial das nuvens, contaminando praticamente tudo o que comemos e bebemos através da “chuva de plástico”.

Os pesquisadores ponderam que, embora a maioria dos estudos sobre microplásticos tenha se concentrado nos ecossistemas aquáticos, poucos investigaram seu impacto na formação de nuvens e nas mudanças climáticas como “partículas em suspensão”.

Direto das nuvens

Para investigar o papel dos microplásticos na troposfera e na camada limite atmosférica, a equipe coletou água de nuvens no topo e nas colinas do sudeste do Monte Fuji, e no topo do Monte Oyama. A altitude nessas regiões japonesas varia de 1.300 a 3.776 metros.

Utilizando técnicas de imagem avançadas, os pesquisadores determinaram a presença de microplásticos na água da nuvem e examinaram suas propriedades físicas e químicas. Eles identificaram nove tipos diferentes de polímeros e um tipo de borracha.

A maior parte do polipropileno (plástico resistente usado em embalagens, brinquedos e diversos outros produtos) detectado nas amostras estava degradada e apresentava grupos carbonila (C=O) e/ou hidroxila (OH).

Além disso, a presença de polímeros hidrofílicos (que gostam de água) na água das nuvens era abundante, sugerindo que eles foram removidos como “núcleos de condensação de nuvens”. Segundo os autores, essas descobertas confirmam que os microplásticos atmosféricos desempenham um papel fundamental na formação rápida de nuvens, o que pode eventualmente afetar o clima global.

O acúmulo dessas partículas na atmosfera, especialmente nas regiões polares, poderia levar a mudanças significativas no equilíbrio ecológico do planeta, resultando em uma grave perda de biodiversidade.

De acordo com Okoshi, os microplásticos atmosféricos são degradados muito mais rapidamente na atmosfera superior do que no solo devido à intensa radiação ultravioleta, e essa degradação libera gases de efeito estufa. “Como resultado, as descobertas deste estudo podem ser usadas para considerar os efeitos dessas partículas em projeções futuras de aquecimento global.”

Fonte: Revista Galileu

    Você viu?

    Ir para o topo