Das cinco da manhã até a meia-noite, no meio da mata, à procura pelo desconhecido. Poderia ser o roteiro de um filme de aventura, mas é só a rotina vivida durante meses pelo pesquisador Clodoaldo Lopes de Assis, do Museu de Zoologia João Moojen, da Universidade Federal de Viçosa (UFV). O esforço foi recompensado. Assis descobriu uma espécie de perereca — a Aparasphenodon pomba — na localidade de Sinimbu, no município de Cataguases, na Zona da Mata mineira. O artigo científico resultante da novidade foi publicado há 15 dias na revista Zootaxa, da Nova Zelândia. O nome do anfíbio homenageia o Rio Pomba, na região. Além de Assis, Leandro Braga Godinho, pesquisador da mesma instituição, encontrou, na Bacia Hidrográfica do Médio São Francisco, um sapo não descrito na literatura: o Proceratophrys carranca.
O primeiro exemplar da Aparasphenodon pomba foi encontrado em 2008, mas, só neste ano, Assis conseguiu reunir a quantidade mínima de oito animais a fim de atestar que não se trata apenas de um bicho já conhecido com algumas alterações. A perereca tem entre 5cm e 6cm e, nas palavras do pesquisador, “parece uma onça”: dourada, com manchas beges e olhos vermelhos. O pesquisador comparou o animal com todas as espécies do gênero, encontrando diferenças significativas tanto na coloração quanto na morfologia interna.
Peneira, lanterna, máquina fotográfica, gravador e caderno para anotações foram as ferramentas de campo usadas pelo biólogo para descobrir a A. pomba, considerada por ele uma espécie difícil de ser observada e capturada. “Ela vive em bambuzais e, no período chuvoso, tem hábitos reprodutivos explosivos. Reproduz-se em um pequeno período, quando está chovendo, e depois some, volta para seu refúgio”, diz. O próximo passo, segundo ele, é encontrar o animal se reproduzindo, gravar seu canto e achar o girino, para aprofundar os estudos.
Fonte: Portal Click