Por Renan Hamann (da Redação)
Meu nome nunca importou para ninguém. Sou só uma vida, que logo não será ninguém. Nasci na gaiola, nasci sem esperança. Sou apenas prisioneiro desde que sou criança. Meu nome nunca importou para ninguém. E de todos os meus irmãos, nenhum teve nome também. Meus pais passaram pela mesma situação. Meu pai foi um vidro, minha mãe foi-se em vão. Uma família que não se conheceu. É triste pensar, mas há muitos como eu…
O meu nome era apenas um numeral. Sou só uma vida, que desde cedo soube o que era o “mal”. Nasci na gaiola, nasci todo apertado. Sou apenas prisioneiro, vivendo minha vida de gado. Meu nome nunca importou nesse mundo. E como todos os meus irmãos, meu mugido era só mais um grito profundo. Meus pais foram nada, assim como eu sou. Meu pai foi só um vidro, minha mãe chorou. Uma família que não se conheceu. É triste pensar, mas há muitos como eu…
O meu nome era só uma embalagem. Sou só uma vida, preso na estalagem. Nasci na gaiola, não nasci de verdade. Sou apenas prisioneiro que nunca soube o que é liberdade. Meu nome nunca importou nessa fazenda. E para todos os meus irmãos, o mundo lá fora era só uma lenda. Meus pais eram produtos e o que resta é esperar. Meu pai foi só vidro, minha mãe quis gritar. Uma família que não se conheceu. É triste pensar, mas há muitos como eu…
O meu nome era só boi. Sou só uma vida, que se foi. Nasci na gaiola, vivi poucos anos. Sou apenas prisioneiro nesse mundo de humanos. Meu nome era número e nunca importou. Nem pra quem me fez e nem pra quem me matou. Meus pais e irmãos também não tiveram sorte. Todos nasceram na mesma indústria de corte. Meu pai foi só vidro, minha mãe foi-se inteira. Apenas um número na indústria leiteira. Uma família que não se conheceu. É triste pensar, mas há muitos como eu…
Uma família que não se conheceu. É triste pensar, mas há muitos como eu…
Uma família que não se conheceu. É triste pensar, mas há muitos como eu…
Uma família que não se conheceu. É triste pensar, mas há muitos como eu…
Milhões de famílias assim… E não tem fim…
