Os esforços para barrar o avanço do aquecimento global agora estão focados em atender as metas estipuladas pelo Acordo de Paris e limitar o aumento da temperatura mundial a 1,5 ou 2 graus Celsius. No entanto, um novo estudo da Universidade de Massachusetts Amherst, nos Estados Unidos, avaliou que mesmo as metas mais otimistas podem levar a um aumento catastrófico do nível do mar e ameaçar nações insulares e costeiras em todo o mundo.
Publicada na revista Earth’s Future em novembro, a pesquisa se concentra no derretimento acelerado da camada de gelo da Antártida, que contém o maior estoque de água doce do mundo – o suficiente para elevar os oceanos em 58 metros.
A equipe de pesquisadores da universidade norte-americana avaliou que ajudar a manter o que é considerado um nível “seguro” de aquecimento, 1,5ºC , ainda permitiria esse derretimento e um consequente aumento devastador do nível do mar.
Acontece que toda a água derretida na Antártida não causará a mesma quantidade de aumento do nível do mar em todo o mundo. Algumas áreas no Mar do Caribe, bem como nos oceanos Índico e Pacífico, experimentarão uma parcela desproporcional de elevação do oceano devido ao gelo antártico – até 33% a mais que a média global.
De fato, os países que mais sofrerão com essas mudanças são os que pertencem à Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), uma organização de 39 nações insulares e costeiras em todo o mundo.
Os autores do artigo mostram que, embora os países da AOSIS tenham emitido uma porção insignificante dos gases de efeito estufa antropogênicos do planeta, eles estão suportando o peso do aumento das águas no mundo.
“A temperatura não é a única maneira de rastrear a mudança climática global, mas se tornou a métrica icônica no Acordo de Paris”, diz Shaina Sadai, da Universidade de Massachusetts Amherst, em comunicado.
Os pesquisadores também chamam atenção para como a dinâmica de poder político e história da desigualdade global influenciam as negociações climáticas. Para os autores, as experiências dos países da AOSIS podem ser usadas para entender melhor os impactos da justiça climática nas negociações internacionais e as relações entre ciência e poder político.
Fonte: Galileu