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POLUIÇÃO

Metade das emissões de CO2 vêm de 36 empresas, revela pesquisa

Embora mudanças no estilo de vida sejam importantes, os dados mostram que a maior parte do problema está concentrada em um pequeno grupo de empresas

8 de março de 2025
Redação EcoDebate
3 min. de leitura
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Principais fontes emissoras de carbono e emissões globais de CO2 (1854-2023)

Um estudo recente do Carbon Majors, divulgado pelo The Guardian revela que 36 empresas de combustíveis fósseis são responsáveis por metade das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) desde o início da era industrial.

A pesquisa, conduzida por uma equipe internacional de cientistas e ambientalistas, destaca o papel central dessas corporações na crise climática e reforça a necessidade de políticas mais rigorosas para limitar suas operações e transicionar para fontes de energia renovável.

De acordo com o estudo, as emissões cumulativas dessas empresas entre 1854 e 2023 totalizaram mais de 1,2 trilhão de toneladas de CO2, o equivalente a 50% de todas as emissões industriais no período.

Entre as empresas listadas estão gigantes do setor petrolífero, como Saudi Aramco, Chevron, ExxonMobil e BP, além de produtoras de carvão e gás natural. A Saudi Aramco, controlada pelo governo da Arábia Saudita, lidera o ranking, sendo responsável por sozinha por 4,38% das emissões globais.

O relatório também aponta que, apesar de os compromissos públicos assumidos por muitas dessas empresas em reduzir suas emissões e adotar práticas mais sustentáveis, a maioria continua a investir pesadamente em exploração e produção de combustíveis fósseis.

Segundo os pesquisadores, isso demonstra uma desconexão entre o discurso corporativo e as ações concretas, o que coloca em risco as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Impactos globais e responsabilidades

O estudo não apenas quantifica as emissões históricas, mas também traça uma linha direta entre as atividades dessas empresas e os impactos climáticos atuais, como ondas de calor extremas, furacões mais intensos e o aumento do nível do mar.

Os autores argumentam que essas corporações têm uma “responsabilidade moral e financeira” em contribuir para a mitigação dos danos causados pelas mudanças climáticas, especialmente em países mais vulneráveis, que sofrem desproporcionalmente os efeitos do aquecimento global.

Além disso, a pesquisa questiona a narrativa de que a responsabilidade pelas emissões recai apenas sobre os consumidores individuais.

Embora mudanças no estilo de vida sejam importantes, os dados mostram que a maior parte do problema está concentrada nas operações de um pequeno grupo de empresas.

Isso sugere que a solução para a crise climática passa necessariamente por uma regulação mais forte e por uma transição energética liderada por políticas públicas e investimentos em energia limpa.

Caminhos para o futuro

O relatório reforça a urgência de ações concretas para reduzir a dependência global de combustíveis fósseis. Entre as medidas sugeridas estão a implementação de taxas sobre carbono, a proibição de novos projetos de exploração de petróleo, carvão e gás, e o direcionamento de subsídios governamentais para energias renováveis. Os autores também defendem que as empresas listadas no estudo devem ser legalmente responsabilizadas por sua contribuição histórica às mudanças climáticas, incluindo a compensação de comunidades afetadas.

Enquanto isso, a pressão sobre governos e corporações aumenta. Movimentos ambientalistas e organizações não governamentais têm utilizado estudos como esse para exigir transparência e accountability das empresas de combustíveis fósseis.

A divulgação desses dados pode servir como um catalisador para mudanças políticas e sociais, especialmente em um momento em que a crise climática se torna cada vez mais visível e urgente.

Síntese

O estudo Carbon Majors, divulgado pelo The Guardian é um alerta contundente sobre o papel central das empresas de combustíveis fósseis na crise climática. Ao identificar as 36 corporações responsáveis por metade das emissões globais de CO2, a pesquisa não apenas expõe a magnitude do problema, mas também aponta caminhos para a solução. A transição para uma economia de baixo carbono é inevitável, mas sua velocidade e eficácia dependem da vontade política e da pressão pública para que essas empresas sejam responsabilizadas e para que alternativas sustentáveis sejam priorizadas. O futuro do planeta, afinal, depende das escolhas feitas hoje.

Fonte: EcoDebate

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