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HEROÍNA

"Mestre dos pangolins": veterinária protege espécie da caça para uso medicinal

26 de julho de 2024
2 min. de leitura
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Foto: Divulgação

“Nunca tinha visto um pangolim antes de começar a trabalhar com eles no Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique. Eles são o único mamífero do mundo coberto por escamas. Eu os acho tão lindos – só de vê-los já me apaixono”, conta a veterinária Mércia Ângela, que se dedica à reabilitação destes animais e à educação ambiental pela preservação da espécie.

A espécie, típica da África Oriental, é alvo de caça e tráfico de animais, e sua população vem decrescendo, aponta a Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza), que classifica o pangolim da região de Moçambique e países vizinhos como vulnerável. As escamas do animal são usadas para fins medicinais na Ásia.

O parque Gorongosa mantém um centro de reabilitação destes animais, e Ângela conta que agricultores frequentemente encontram pangolins e entregam aos especialistas para cuidados médicos. “É uma grande colaboração, envolve a sensibilização da população, e no parque temos um departamento dedicado a isso”, conta a veterinária em entrevista divulgada pelo projeto português Memória para Todos, de preservação cultural e ambiental.

Os pangolins no parque passeiam diariamente durante seu processo de reabilitação. Os bebês, que nascem com cerca de 200 gramas, são amamentados e não passam um dia sem atendimento, conta a veterinária. O objetivo é reintroduzir os animais na natureza.

“Quando chego para trabalhar como veterinário no nosso centro de reabilitação de pangolins, inaugurado em 2018, levo os pangolins para passear no campo com os meus colegas. Encontramos lugares que eles gostam, com muitas formigas e cupins para comer, além de água e lama. Ficamos com eles enquanto comem, brincam e se reconectam com a natureza por duas a três horas antes de levá-los de volta a dormir, garantindo que alguém esteja sempre observando-os”, afirma ngela em entrevista ao jornal The Guardian.

O parque mantém uma equipe de guardas florestais que trabalha no combate à caça ilegal. “É normal ter esse problema numa área de conservação com muita fauna, principalmente num país onde há fome e desemprego – quem não tem trabalho acaba se envolvendo em atividades ilegais como a caça furtiva”, analisa a veterinária.

Na hora de soltar os pangolins, que recebem nome e convivem com os pesquisadores, Ângela afirma que fica com emoções divididas. “Dói um pouco, mas só de saber que o animal terá uma segunda chance é muito bom”, conta.

Fonte: Um Só Planeta

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