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DESRESPEITO

Mergulhadora faz vídeo chocante que mostra tubarão-baleia em meio ao “ecoturismo” sem regras e sem controle

18 de dezembro de 2025
Suzana Camargo
5 min. de leitura
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Foto: Reprodução

“Não é mágico. Não é ético. Não é certo. É assim que o “turismo de tubarões-baleia” realmente se parece. Mais de 50 pessoas em volta de UM tubarão-baleia. Barcos em alta velocidade. Pessoas tocando no animal, sem respeitar a distância. Mergulhadores com snorkel em cima dele, mergulhadores com cilindro logo abaixo”, foi assim que a designer gráfica Laura Toffolo definiu a cena chocante que filmou, com um drone, no atol de South Ari, nas Maldivas, no Oceano Índico, no último dia 8 de dezembro.

Laura é mergulhadora, apaixonada pelo oceano e voluntária em diversas organizações com foco na conservação marinha. Ela contou ao Conexão Planeta que compartilhou o vídeo em seu perfil no Instagram para chamar a atenção sobre esse tipo de turismo, totalmente inaceitável.

“Regras existem: não tocar nos animais, não se aglomerar, usar barcos lentos. Mas as regras são ignoradas”, lamenta. E ela faz uma importante recomendação. “Boicote esses passeios. Apoie projetos de conservação reais para esses gigantes gentis. Os tubarões-baleia merecem segurança, não turismo de selfies.“

Interação causa estresse nos animais

Infelizmente esse tipo de turismo sem regras e predatório pode ser observado em muitos países. “Imagens como essa mostram como precisamos avançar na conscientização sobre turismo de fauna porque esse tipo de aglomeração gera muito estresse no animal“, diz Júlia Trevisan, coordenadora de vida silvestre na Proteção Animal Mundial. “As pessoas que estão em volta provavelmente têm admiração e não querem o seu mal, mas a falta de informação acaba proporcionando situações como essa.”

Júlia destaca ainda que, além da quantidade enorme de pessoas observadas nas Maldivas assustar o tubarão-baleia, o som das embarcações rodeando o local também o prejudica porque o som propaga de forma diferente na água, o que é especialmente ruim para animais que se comunicam através dela. “Pode ser difícil de perceber fora da água, mas uma situação dessa pode causar uma série de impactos em um animal que estava tentando viver tranquilamente no seu habitat.”

Um estudo, publicado em 2022, de cientistas do Brasil e dos Estados Unidos, realizado nas Bahamas, revelou que a interação com turistas faz tubarões-tigres apresentarem níveis mais altos de hormônios.

Regras, fiscalização e multas

No ano passado, a Proteção Animal Mundial divulgou um relatório com foco específico em baleias, com as diretrizes nacionais e locais recomendadas para o turismo, sem prejudicar os animais. No sul do Brasil, com certa frequência órgãos ambientais têm autuado turistas importunando esses cetáceos. Um dos registros mais recentes ocorreu em setembro, quando o Ibama multou um piloto de moto aquática molestando uma baleia-franca em Garopaba (SC).

Situações como a flagrada por Laura nas Maldivas não são realmente incomuns. Além do caso mencionado no parágrafo acima, em 2025, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de Fernando de Noronha precisou emitir várias multaspara turistas que desrespeitaram regras em relação à interação com a animais silvestres. Uma delas foi para uma mulher que segurou uma tartaruga-marinha durante um mergulho e a outra para um homem flagrado pegando uma ave ameaçada de extinção.

No Pantanal, especialistas também têm alertado sobre o excesso de turistas, desde que os avistamentos de onças-pintadas começaram a se tornar mais frequentes. Há relatos de até mais de 30 barcos cercando um único animal.

Fonte: Conexão Planeta

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