Bernardo, de 4 anos, apegou-se à fé desde que Arya, uma cadela da raça American Bully, desapareceu enquanto viajava em um “táxi dog” no último sábado (23). Temerosos devido aos casos de cães mortos no transporte aéreo, os tutores da cadela optaram pela via terrestre para proteger Arya, mas a cadela fugiu enquanto o motorista que a transportava fazia uma parada às margens de uma rodovia no município de Chapada da Natividade, no Tocantins.
Arya iniciou a viagem em em Canaã dos Carajás, no Pará, onde morava com a família, e seria levada para Belo Horizonte, em Minas Gerais. “Para levar a cachorra tinha a opção de transporte aéreo, mas tivemos medo por causa dos casos de cachorros que morreram. Eu optei pelo táxi dog. O combinado era que a empresa iria transportar a Arya para Belo Horizonte e meu pai pegaria ela e levaria para Vitória”, contou ao G1 o técnico em instrumentação José Calmon Nogueira, que está de mudança para o Espírito Santo, junto da esposa Bianca de Mello e dos filhos Bernardo e José Augusto, de 4 e 12 anos.
O desaparecimento da cadela, considerada um membro da família, desestabilizou a todos. Disposto a fazer o que for preciso para ter Arya de volta, Nogueira ofereceu R$ 2 mil de recompensa para quem devolvê-la e chegou a viajar para Chapada da Natividade, onde fez buscas pelo animal.
Na cidade, Nogueira adentrou em áreas de mata, e passou por propriedades rurais e casas na região, mas não encontrou a cadela e precisou retornar ao Pará. O proprietário da empresa de transporte de animais também permaneceu no Tocantins para procurar Arya.
O animal desapareceu no momento em que os funcionários da empresa fizeram uma parada em frente a uma churrascaria para dar água aos cães. Após o sumiço de Arya no sábado (30), o táxi dog seguiu viagem transportando o restante dos animais. O desaparecimento da cadela só foi informado à família no dia seguinte.
No entanto, o inesperado aconteceu. Durante o trajeto, o carro da empresa parou em frente a uma churrascaria em Chapada da Natividade para dar água para os cães que eram transportados.
“Eles pararam para dar água aos cães e a Arya deve ter se assustado com o barulho de caminhões na rodovia e fugiu. Durante a viagem, o responsável pelo táxi dog abriu um grupo de WhatsApp para mandar foto dos cachorros. Eles enviaram um vídeo que mostrava que a Arya estava apenas com uma coleira frágil, de enfeite. Eu disse que era para usar o enforcador porque ela tem muita força, mas eles não seguiram as orientações”, relatou o tutor.
“Fiz todo contato com a Policia Ambiental, Bombeiros e equipes de zoonoses. Eles falaram que não retiram animais domésticos da rodovia. Eu expliquei que por ela estar passando ali, poderia comprometer o trânsito, mas eles se negaram a dar o socorro”, completou.
Ao se pronunciar sobre o caso, a PM informou que o Batalhão de Polícia Militar Ambiental fiscaliza, constata e autua crimes e infrações ambientais.
‘Nada que for feito, a não ser ela voltar, vai amenizar a dor’
A ausência de Arya causou grande sofrimento à família, que criou um perfil nas redes sociais para pedir ajuda aos moradores de Chapada da Natividade nas buscas pela cadela.
“Ela vai fazer dois anos com a gente. Todos somos muito apegados a ela. Meu filho Bernardo fica agarrado e diz para as pessoas que a Arya é irmã dele. Minha esposa só chora. Nada que for feito, a não ser ela voltar, vai amenizar a dor”, desabafou Nogueira.
“Arya é uma cadela muito dócil. Quero orientar que se alguém vê-la não pode chegar querendo pegar porque ela vai correr. Se chegar de mansinho e chamar pelo nome, ela vai até a pessoa”, orientou.