“Mãe, os cães também têm lábios leporinos?” Foi esta a pergunta que mudou a vida de Kynlee Rogers. A menina, hoje com dez anos, começou a perceber que tinha uma aparência diferente quando fez seis anos. Kynlee nasceu com um lábio leporino bilateral e com o passar do tempo, deixou de ser a única a notar as diferenças, sobretudo na escola. Houve um dia em que antes de dormir fez a pergunta à mãe, Kimberly Rogers, e tudo mudou.
Na altura, a norte-americana disse que sim e, a partir daí, partiu numa missão: encontrar um cão que tivesse a mesma condição que a filha. E a verdade é que não teve de ir muito longe. Kimberly é natural do Kentucky, nos EUA, e descobriu que em Nova Iorque existia uma associação dedicada ao resgate de animais com lábios leporinos e fendas palatinas, ou seja, deformações no lábio superior ou no céu da boca causadas ainda no útero da mãe.
Kimberly entrou em contacto com Lindsay Weisman, fundadora da Cleft Rescue Unit, e pouco tempo depois, levou a filha até um evento organizado pela associação. Lá, Kynlee conheceu Tennessee, uma cadela da raça Boston Terrier que na altura tinha pouco mais de um mês de vida e o melhor: a mesma condição que a sua.
“A Tenee é exatamente como ela”, partilhou Kimberly ao “The Washington Post”. “Ela não está mais sozinha.” A adoção da patuda foi oficializada em setembro, quando a Boston Terrier apanhou um avião até a nova família. E se não bastasse a ligação instantânea que criou com a miúda, a história fica ainda melhor: ambas fazem aniversário no mesmo dia.
Kynlee não foi a única a encontrar a sua alma gémea
É através do contato que faz com criadores de cães que a Cleft Rescue Unit tem o conhecimento de animais com deformações invulgares. A associação nova-iorquina já é conhecida e muitas pessoas, incluindo hospitais veterinários, entram em contato para doar os patudos. Também em 2024, Randy Urbay encontrou o seu final feliz. E este veio sob a forma de um Cocker Spaniel.
Randy foi diagnosticado com a síndrome de Apert, uma condição rara que afeta os formatos da sua cabeça e rosto. Quando a sua mãe, Garcia-Urbay, viu a fotografia de Leo, um Cocker Spaniel com lábio leporino, nas redes sociais, não pensou duas vezes. “Ele era maravilhoso”, recordou ao jornal norte-americano.
Tal como Kimberly, Garcia-Urbay entrou em contato com a presidente da associação e mostrou interesse na adoção do cão. Pouco tempo depois, Leo apanhou um avião de Nova Iorque em direção a Punta Gorda, na Florida, onde se encontrou com a nova família.
“Quando as pessoas olham para o Leo e para o Randy, veem para além das diferenças”, partilhou a mãe. O jovem está agora a treinar o companheiro de quatro patas para se tornar um cão de terapia. O objetivo será ajudar pessoas de todas as idades que se sintam diferentes. “Adora crianças e pessoas”, frisou. “O propósito do Leo é que os miúdos o vejam e percebam que não estão sozinhos. Ele leva o seu trabalho muito a sério.”
Fonte: Pets in Town