Por Karina Ramos (da Redação)
Médicos britânicos expressaram suas preocupações em uma carta endereçada ao primeiro-ministro David Cameron e ao secretário da Saúde Andrew Lansley, propondo que sejam reconsideradas as maneiras com as quais os remédios novos são testados. Os signatários da carta, publicada na revista médica The Lancet, disseram que atualmente as “proporções epidêmicas” dos remédios estão causando reações colaterais, enquanto os pacientes continuam tendo que pagar altos preços para a obtenção das receitas.
Segundo informações da Animal Concerns, esse movimento começa motivado pelos cálculos que mostram que 197.000 cidadãos dos Estados-membros da União Europeia morrem anualmente devido à reações adversas causadas pelos remédios. O texto reivindica uma mudança nos testes realizados, já que os testes em animais produzem resultados que nem sempre são os mesmos em humanos.
Tony Dexter, um dos signatários da carta e chefe de um laboratório de pesquisa em Cheshire, descreveu o ato de testar remédios em animais e assumir que isso seja seguro para os humanos como jogar uma moeda pra cima e definir o resultado com base no “cara ou coroa”.
“O problema fundamental é que um rato não é uma pessoa. Eles têm tamanhos, metabolismos e dietas diferentes. Então, usar animais para predizer os efeitos em humanos é uma dificuldade. 50% dos compostos que provam que são seguros para ratos também provam que não são seguros para humanos. Isso dá no mesmo que jogar uma moeda para cima e escolher cara ou coroa”, disse Tony ao Sky News.
Os signatários da carta pedem novos procedimentos de modo que os remédios novos sejam testados em células humanas antes de serem certificados. Também levantaram a preocupação com os preços exorbitantes desses novos remédios, tornando-os insustentáveis, “gerando uma carga cada vez mais pesada para o Serviço Nacional de Saúde”.
Uma falta de tratamento adequado para doenças como Alzheimer, diabete, derrame e vários tipos de câncer também preocupa médicos e cientistas.
“A indústria farmacêutica do Reino Unido está em crise, assim como o sistema de saúde. Muitas dessas crises do sistema de saúde estão intimamente relacionadas com os maiores problemas das indústrias farmacêuticas”, alerta a carta.