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Medicina tradicional chinesa e caçadores russos ameaçam tigre de Amur

22 de novembro de 2010
3 min. de leitura
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Foto:Reprodução/Diário do Grande ABC

Antigas tradições cruéis chinesas que incentivam o uso de produtos derivados dos tigres na medicina encorajam a caça na Rússia e representam uma ameaça ao tigre de Amur, que vive na Rússia e na China, afirmam especialistas.

O problema será um dos temas tratados durante uma cúpula, celebrada nesta semana na cidade russa de São Petersburgo, que reúne líderes de 13 países onde os tigres vivem em estado selvagem; estarão entre eles o premier russo, Vladimir Putin, e seu colega chinês, Wen Jiabao.

A demanda por tais produtos na China “é uma das principais ameaças ao tigre de Amur”, afirmou Alexei Vaisman, coordenador do programa russo de preservação da rede de monitoramento de comércio da vida selvagem TRAFFIC.

Em um estudo realizado em 2007 em cidades chinesas, 43% das pessoas entrevistadas disseram ter consumido produtos derivados de tigres, inclusive remédios tradicionais feitos a partir de ossos destes animais, que em 1993 foram oficialmente removidos da farmacopeia da medicina tradicional chinesa.

Foto:Reprodução/Terra

Segundo a mesma pesquisa, 88% dos consultados disseram saber que os produtos eram ilegais.

Grace Ge Gabriel, diretora regional para a Ásia do Fundo Internacional para o Bem-estar Animal (IFAW), chefia uma campanha contra o uso de produtos derivados de tigres na China, cujos esforços se concentram nos jovens.

“Estamos mostrando um vídeo em universidades… Se você falar com profissionais chineses hoje, a maioria dirá que não usa mais produtos de tigres. A ideia ainda resiste entre os mais velhos, por isso esperamos educar os jovens para que eles possam influenciar os mais velhos”, acrescentou.

Segundo Vaisman, um outro problema é que a China carece de “controles adequados sobre o tráfico interno”.

“Os pacientes acreditam nos poderes destes remédios e esta fé responde por 80% de seu sucesso. Isto influencia as autoridades e por isso os remédios continuam sendo vendidos”, acrescentou.

Esta situação encoraja a atuação de caçadores, sobretudo no extremo leste russo, onde vive a maioria da população mundial de tigres de Amur, estimada em 450-500 indivíduos. A China tem apenas 40-50 animais desta subespécie vivendo na natureza.

“Rússia e China dividem uma extensa fronteira, e (como) a maioria dos tigres vive na Rússia, é muito importante proteger esta fronteira”, completou Ge Gabriel.

“Acreditamos que a maioria desses caçadores seja russa. Há uma motivação, que é o comércio…. (Por isso), se detivermos o comércio, deteremos a caça”, disse ela.

Os dois países têm acordos para cooperar na prevenção do tráfico e agentes de alfândega russos têm sido treinados para lidar com o problema, no entanto, reconheceu Vaisman, “há corrupção na fronteira”.

Outro problema que precisa ser resolvido refere-se aos habitats dos tigres dos dois lados da fronteira sino-russa, lembrou Ge Gabriel porque, “os tigres, obviamente, não andam com passaporte”.

“Os tigres precisam de grandes áreas, sendo necessário um espaço de 250 km quadrados para um único tigre encontrar comida para sobreviver. As regiões de fonteira precisam estar conectadas”, acrescentou.

Estes esforços já começaram, disse o ministro de Recursos Naturais da Rússia, Yury Trutnev, durante a cúpula, e Rússia e China estão “em vias de criar zonas transfronteiriças para estabilizar a população de tigres na Rússia e seu aumento na China”.

A cúpula, a primeira reunião deste nível a reunir líderes nacionais para discutir a preservação do tigre, visa a salvar a espécie da extinção e dobrar a população destes grandes felinos no próximo Ano do Tigre, segundo o calendário chinês, que será celebrado em 2022.

Décadas de tráfico de partes de tigres e destruição de seus habitats fizeram encolher o número de tigres de 100 mil, no século passado, para apenas 3.200, e segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), a espécie está em vias de extinção total.

Fonte: AFP/Terra

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