Representantes do grupo que se autodenomina “Mães do Agro” se reuniram em 6 de outubro com Milton Ribeiro, atual ministro da Educação. A intenção do encontro era discutir a forma com a qual o agronegócio é retratado em livros escolares, que, segundo elas, “discriminam o agronegócio”.
Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento também esteve presente na reunião. Em entrevista ao GLOBO, representantes do grupo criticaram a abordagem que se faz nos materiais didáticos de desmatamento, uso exagerado de agrotóxicos e trabalhos análogos a escravidão. Elas também reforçam comportamentos que constrangem professores e alunos, como a gravação de aulas.
Revisionismo na educação
Diversas grupos e profissionais já se posicionaram contra a mudança no material didático. O historiador João Jambeiro, em entrevista ao GLOBO, criticou a postura do MEC.
“No material didático, tem-se desse conscientizar os alunos da poluição na agricultura, da utilização de agrotóxicos. Se há um incômodo, deve haver um debate, e não a tentativa de pressionar a ponto de impor”, avalia o historiador.
Em comunicado enviado assinado por integrantes do GeoAgrária (Grupo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Geografia Agrária da FFP/UERJ) e da GTAgrária (Grupo de Trabalho sobre Assuntos Agrários da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seções Rio de Janeiro e Niterói) disseram que a iniciativa busca impedir o debate de temas como queimadas e desmatamento no ambiente escolar.
“Trata-se de uma disputa ideológica profunda, cujo objetivo é aprofundar a hegemonia do agronegócio, afirmando-os como um dos pilares da economia e da sociedade brasileira, silenciando qualquer perspectiva crítica sobre as implicações econômicas, sociais e ambientais”, afirmou o comunicado.