Agressões registradas terça-feira, à tarde, e que resultaram na morte de um cão, na área central de Venâncio Aires, causou indignação em quem presenciou a cena. Um aposentado, de 81 anos, é acusado de ter agredido o animal com uma barra de ferro e com um facão. Também havia aberto uma cova para enterrar o animal. O cachorro foi recolhido com vida, mas teve que ser sacrificado por um veterinário.
Situações assim estão se tornando rotina para a equipe que trabalha na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma). Segundo as profissionais, diariamente chegam denúncias de maus-tratos. As principais vítimas, dizem, são os cães.
Os casos chegam ao conhecimento da Semma através de pessoas que presenciam os maus-tratos. No caso verificado terça-feira, uma mulher passou em frente ao terreno onde o aposentado batia com a barra de ferro no cachorro.
Quando as profissionais da Secretaria chegaram, o homem estava sentado em uma cadeira, fumando e tomando chimarrão. “E o cachorro estava amarrado em uma árvore, sangrando e agozinando”, explicaram.
Brigada Militar e Corpo de Bombeiros foram acionados e resgataram o cão, de grande porte e da raça Pit bull. Alheio à indignação das pessoas, o aposentado se mostrava tranquilo, mesmo estando com as mãos ensanguentadas. “Tu vê, ele me atacou do nada”, dizia a quem lhe perguntava o que tinha acontecido.
O cachorro foi recolhido e levado pela equipe da Semma ao veterinário Luciano Frozza. Após verificar a situação do cão, constatou múltiplas fraturas na mandíbula e teve que sacrificá-lo. “O Frozza é nosso parceiro e está sempre pronto para nos auxiliar”, comentaram as profissionais da Semma.
O veterinário explicou que todos os dentes de um lado da boca do Pitbull foram quebrados. “O cachorro foi agredido com a focinheira”, comentou Frozza. Segundo ele, a tentativa de salvar o animal foi inviável, principalmente por causa do pós-operatório. “É revoltante ver uma cena destas”, mencionou.
Cova
O que chamou a atenção das profissionais da Semma foi a frieza do aposentado. “Ele me disse que depois que saíssemos de lá, iria terminar de matar o cachorro e o enterraria”, revelou uma das integrantes da Secretaria.
A princípio, o aposentado vai responder a um Termo Circunstanciado por maus-tratos. A equipe da Semma vai tentar agravar a penalidade, passando para um crime de crueldade contra animais. Além disso, o aposentado terá que arcar com as despesas na clínica veterinária.
Ong tem dificuldades
A Amigo Bicho é a única entidade no município que trabalha em prol dos animais abandonados que necessitam de assistência, e seus membros também ficaram em choque com a crueldade do caso. A membro da diretoria da ONG, Marcela Ewald, diz que os associados dispõe seus lares para abrigar temporariamente os animais de rua, mas que o grupo não consegue ajudar a todos. “Damos prioridade para animais sem lar, pois muitos desses bichos que ficam nas ruas têm casas, mas não são bem cuidados.”
Além disso, a ONG não consegue novos parceiros, e não tem uma dependência onde alocar animais sem lar. Dessa forma é quase impossível serem acolhidos mais animais. “As pessoas não entendem que não temos um local de verdade para cuidar dos animais, apenas temos parceiros que cedem suas casas para cuidar deles por um tempo, até que encontrem lares definitivos”, destaca. “Mas maltratar um animal nunca é o correto, as pessoas devem ter noção do trabalho que dá criar um animal antes de tomar essa decisão”, completa Marcela.
Cachorros e gatos eram criados dentro de pequenas gaiolas
O dia a dia das profissionais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) alterna momentos de paixão e ódio. O primeiro sentimento é de ver que ainda há solução para situações das mais revoltantes; e a segunda, de saber que há muitas pessoas que não têm amor pelos animais.
A constatação foi feita durante atendimento a uma denúncia, no bairro Coronel Brito. Aparentemente, se tratava da manutenção de aves silvetres em gaiolas.
Ao chegarem no local, as profissionais do Semma encontraram três gaiolas nos fundos de uma casa. No entanto, não eram pássaros que estavam trancados. Para espanto da equipe, uma mulher mantinha dois cães e dois gatos nas gaiolas.
Mas, a indignação maior foi quando a mulher tentou argumentar a situação. “Nos disse que retirava os cães e os gatos todos os dias das gaiolas para eles passearem. Mas não tinha como, pois eles não passavam pela portinha das gaiolas”, revelam.
A saída foi arrombar as gaiolas para retirar os animais. Ao vê-los de perto, as profissionais da Semma viram que estavam com as patas machucadas. “É que sempre viveram dentro da gaiola, desde pequenininhos, e as patas estavam machucadas por que ficavam o tempo todo sobre os arames da gaiola”, explicaram.
Os dois cães e os dois gatos foram entregues a membros da ONG Amigo Bicho, que ficou como fiel depositário dos animais. A Mulher vai responder pelos maus-tratos.
Fonte: Folha do Mate