Nos últimos dois meses, dezenas de gatos morreram em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) com sinais de envenenamento e moradores estão revoltados com a situação. Segundo a polícia, apesar dos boletins de ocorrência, pouco pode ser feito sem ter um flagrante. Em todos os casos, há indícios de envenenamento por ingestão de chumbinho, um produto extremamente nocivo a saúde.
Há menos de um mês, Luís Carlos Dartes viu um de seus gatos morrer após ter sido envenenado. “O gato morreu na minha casa. O sintoma começou por volta das 18h e ele durou por volta de duas horas. Foi quando ele começou a vomitar sangue e não teve mais jeito”, conta o aposentado.
Em outro bairro, uma bióloga viveu o mesmo drama e, agora, só consegue recordar dos gatos da família por meio de fotografias. “Em 40 dias, eu perdi dois animais. O Miojo estava com a gente há cinco anos e morava no quintal da minha casa. Isso aconteceu quando fomos morar em outro bairro. Depois de três meses, ele apareceu envenenado. Depois no prazo de 30 dias, tiramos um animal da rua e, infelizmente, não durou duas semanas e ele também apareceu envenenado”, lembra a Daniela Contieiro.
Sintomas
Segundo o veterinário Edson José Buzzolin, apesar de o gato ser um animal seletivo para a comida, ele acaba ingerindo o chumbinho junto com a comida já que a substância não tem cheiro. “Entre os sintomas do envenenamento, o gato apresenta uma baba espessa, pode vomitar, além de contrações musculares, convulsão e diarreia”, explica o veterinário.
Os tutores de animais envenenados não devem dar leite na tentativa de amenizar os efeitos do chumbinho. Conforme o veterinário, a atitude piora a situação já que o leite aumenta a absorção do veneno no organismo. Portanto, a melhor forma de salvar o animal é levar até uma clínica veterinária já que, no caso do veneno chumbinho, há, inclusive, um antídoto.
Mercado negro
Desde outubro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), proibiu a produção e comercialização do agrotóxico Aldicarbe, popularmente conhecido como chumbinho. A Anvisa classificou a substância como altamente tóxica, no entanto, mesmo assim, em agropecuárias da região, é fácil comprar o produto.
“Os representantes compram o chumbinho por quilo, distribuem em flaconetes de dez, 15 gramas e usam como complemento de renda no mercado negro. Não se sabe como conseguem, mas vários conseguem, oferecem e carregam no carro. Além disso, eles pagam um valor pequeno e a cada 100 gramas cobre o custo”, alega o ex-representante.
Além de crime ambiental, a venda de chumbinho pode resultar em penas severas aos comerciantes. “Se em uma vistoria for constatada a venda dos produtos no comércio, será feito um auto de infração e apreensão, aplicação de multa e depois será montado um processo que será encaminhado para Promotoria Pública”, ressalta a diretoria da vigilância sanitária de Santa Cruz do Rio Pardo, Regina Maria Honorato Pinheiro.
Fonte: G1