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Matança de botos cresce 10% no Amazonas na última década

24 de fevereiro de 2011
3 min. de leitura
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Foto: s/c

Moradores de comunidades em torno de Tefé, interior do Amazonas, têm exercido uma atividade que agride o meio ambiente, causando impacto decisivo no futuro de um dos animais aquáticos que fazem parte da fauna amazônica: o boto-vermelho (Inia geoffrensis).

De acordo com Nívia do Carmo, pesquisadora do Projeto Boto do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e presidente da Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa), pesquisas de monitoramento com esses mamíferos aquáticos apontam um decréscimo na população de botos-vermelhos de 10% na última década nessa região.

Os estudos são realizados, desde 1993, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM) (distante de Manaus cerca de 700km), sob a coordenação da pesquisadora do Inpa, Vera da Silva, e do membro do Conselho de Pesquisas do Ambiente Natural do Reino Unido (NERC), Anthony Martin.

A causa dessa diminuição pode ser a captura de botos-vermelhos para a pesca da piracatinga (Calophysus macropterus), espécie de peixe necrófago – que come carniça de animais mortos-, de porte médio, podendo medir 45 cm em comprimento total, muito abundante na região amazônica e consumido em larga escala pelos colombianos, também conhecida como mota ou simí, na Colômbia.

Segundo a pesquisadora, uma viagem foi realizada, em outubro e novembro de 2010, às comunidades em torno de Tefé por pesquisadores do Inpa. Durante a excursão, constataram que a caça dos botos é constante e tratada de forma natural por eles, embora os comunitários tenham consciência de que a pesca ou caça de animais silvestres é crime ambiental.

“O peixe é mais facilmente capturado utilizando carne de jacaré e de boto, esta última tem um odor mais apelativo a essa espécie de peixe. Geralmente utiliza-se como isca um boto-vermelho adulto, que pode pesar entre 150 e 200kg. Com uma isca desse porte é possível pescar aproximadamente uma tonelada de piracatinga”, afirmou a pesquisadora.

A Colômbia é um grande apreciador de peixes Siluriformes (peixes lisos ou de couro) da Amazônia brasileira e a pesca da piracatinga se torna uma atividade lucrativa para os ribeirinhos que habitam essas localidades.

Comércio

A pesquisadora disse ainda que o filé de piracatinga é comercializado na Colômbia a preços bem baixos. Tem-se notícias, segundo ela, que está sendo vendido no Amazonas em frigoríficos, já em filetes, com o nome de “douradinha”. O comércio do peixe durante o período da cheia é negociado ao valor de R$ 1,50 o quilo. Durante o período da vazante, época em que é mais fácil a captura, o preço do quilo diminui para R$ 0,50.

A pesca da piracatinga não é a causa do predatorismo do boto vermelho, pois essa espécie também pode ser cruelmente capturada com vísceras de outros animais, por exemplo; o problema é a caça. “O custo-benefício ao usar o boto como isca é mais vantajoso para eles e o tempo de trabalho é reduzido”, disse Carmo.

Fiscalização

De acordo com Jéferson Lobato, do departamento de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), um estudo está sendo feito para avaliar se a captura de botos e jacarés está alterando de alguma forma o biossistema da localidade em questão.

Já o Batalhão Ambiental informou que tem conhecimento do caso e está traçando estratégias para combater a atividade.

Fonte: Portal Amazônia

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