No dia 10 de maio de 2012, um bezerro nasceu em uma fazenda perto da Rota 2, em Azor, fora de Tel Aviv, em Israel. Assim como muitos outros, ele foi separado de sua mãe e isolado em uma gaiola para ser engordado com uma ração hiperproteica – com a finalidade de deixar sua carne “extremamente macia” e “ideal para consumo”.
Logo nos primeiros dias, ele recebeu o número de identificação 269 aplicado em sua orelha, trazendo também a sua data de nascimento. O bezerro chamava a atenção pela brancura. O único contraste era uma delicada mancha negra na orelha direita. Seu olhar, segundo o jornal israelense Haaretz, era direto e inquisitivo.
Assim como todos os bezerros que nascem como um “efeito colateral” da indústria de laticínios, 269 já estava marcado para morrer. Ou seja, viver até o momento em que estiver “à altura” da indústria da carne. Para isso, passou a ser alimentado três vezes ao dia, com a obrigação de ganhar peso rapidamente.
Com seis meses, e já demonstrando claro desinteresse pela aproximação humana, se tornou um animal bastante atrativo para a indústria da carne. Até então, o 269 tinha passado meses recebendo comida através de uma pequena abertura em sua gaiola, por onde um dos funcionários da fazenda empurrava a ração com um ancinho. Às vezes, pombos famintos tentavam se aproximar para bicar a sua comida.
Mais tarde, faltando poucos dias para o abate do Bezerro 269, alguns ativistas anônimos invadiram a fazenda industrial de Azor, o resgataram e o enviaram para um santuário, impedindo que ele fosse reduzido a pedaços de carne.
A sua história deu origem ao grupo em defesa dos direitos animais 269 Life, que ficou famoso após seus membros marcarem o número 269 em seus corpos com ferro quente, em solidariedade ao bezerro que seria morto e também a todos os animais marcados para morrer com a finalidade de servir como alimento para os seres humanos.
A ação do grupo 269 Life teve repercussão internacional e cerca de mil pessoas de inúmeros países também marcaram ou tatuaram alguma parte de seus corpos com o número 269. O filantropo australiano Philip Wollen, defensor do veganismo, elogiou o grupo por suas ações em 2013, saudando o 269 Life por apontar os erros humanos na relação de conveniência com os animais.
“Essa loucura deve parar e vai parar no dia em que a humanidade finalmente acordar e entender que até os [animais] sem nome sentem dor e desejam liberdade tanto quanto nós humanos”, destaca o grupo em seu site.
Referências
Ahituv, Netta. Haaretz. The Israeli Calf That Started a Mass Tattoo Movement (21 de março de 2013)
Ranet, Oma. Slaughterhouse 269. Haaretz (12 de novembro de 2012).
About. 269 life Website (2013).