EnglishEspañolPortuguês

MASSACRE

Mar fica vermelho com o sangue de quase 250 baleias-piloto mortas em caça nas Ilhas Faroé

O número de mortos era tão grande que os corpos tiveram que ser divididos e enviados para pelo menos três locais diferentes de processamento.

14 de junho de 2025
Júlia Zanluchi
4 min. de leitura
A-
A+
Foto: Sea Shepherd

Imagens assustadoras mostram enseada tingida de vermelho pelo sangue de baleias-piloto após mais de 240 indivíduos da espécie serem mortos na mais recente caça nas Ilhas Faroé, território pertencente à Dinamarca.

Ativistas relataram que 246 baleias-piloto foram mortas na matança realizada na quinta-feira (12/06). Entre elas, havia pelo menos 30 fêmeas grávidas, cujos filhotes não nascidos foram deixados para sufocar dentro dos corpos de suas mães e depois descartados em lixeiras.

Recém-nascidos e jovens não entram na contagem oficial, apesar de serem mortos durante o processo. Até agora, 64 filhotes foram confirmados, mas o número real pode ser maior. O grupo era tão grande que os corpos tiveram que ser divididos e enviados para pelo menos três locais diferentes de processamento.

Uma foto mostra uma criança olhando para os animais sendo massacrados nas águas rasas de Leynar, uma vila do arquipélago. Informações da Sea Shepherd revelam que o massacre se estendeu por mais de 30 minutos, sem contar a hora de perseguição para encurralar os animais em águas rasas.

Foto: Sea Shepherd

Valentina Crast, coordenadora da campanha da Sea Shepherd nas Ilhas Faroé, fez um apelo direto aos cidadãos faroeses. “Este registro servirá como prova crucial quando levarmos o caso a autoridades internacionais e locais. Mas, acima de tudo, é um chamado aos faroeses que se opõem ao Grind em silêncio – porque é mais fácil não causar conflito. Que tipo de ‘caça orgulhosa’ permite o massacre de mães e filhotes em escala tão brutal? Quem precisava disso? Por favor, não se calem. Digam não. Os oceanos e as baleias precisam da voz de vocês”, questionou.

O Grindadráp (ou simplesmente Grind) é uma caça a baleias e golfinhos que é realizada há séculos nas Ilhas Faroé. O que começou como uma forma de subsistência, se tornou um massacre lucrativo para o país.

As cenas de sangue coincidem com a visita do rei dinamarquês Frederik e da rainha Mary às Ilhas Faroé, onde tentam promover o turismo. “Apesar dos melhores esforços do governo faroês para promover as ilhas como destino para observadores de aves, navios de turismo e festivais de música, não consegue escapar das imagens do mar vermelho-sangue das caças a baleias e golfinhos, que horrorizam e repugnam pessoas em todo o mundo”, disse Dominic Dyer, ativista pelos direitos animais.

“A Dinamarca, que fornece apoio financeiro significativo às Ilhas Faroé, há muito fecha os olhos para o massacre de baleias e golfinhos e deveria agora usar sua influência política para acabar com esse abate bárbaro”, acrescentou.

Foto: Sea Shepherd

Claire Bass, diretora sênior de campanhas e assuntos públicos da Humane Society International UK, alertou que o conselho de turismo das Ilhas Faroé descreve o local como “o segredo mais bem guardado da Europa”, mas “não há nada secreto nesses banhos de sangue a céu aberto”.

“É trágico que a incrível beleza natural das Faroé seja ofuscada por sua reputação de infligir sofrimento tão horrível a famílias de baleias”, declarou Bass. “Testemunhei as consequências de um ‘grind’ [caça tradicional], e a imagem de filhotes parcialmente decapitados deixados no cais ao lado de suas mães é algo que nunca me abandonará. Essas caças acontecem há centenas de anos, mas tradições podem e devem evoluir, e a cultura nunca pode ser uma desculpa para a crueldade.”

Ativistas afirmam que as importações britânicas de peixe faroês, no valor de 1,3 bilhão de libras por ano, sustentam a indústria que alimenta as caças.

“A caça às baleias é uma barbárie que nunca deveria ter existido e muito menos persistido no século XXI. Matar violentamente centenas de baleias-piloto, incluindo mães grávidas e filhotes, é um atestado de atraso moral de uma sociedade. Não há justificativa possível – nem histórica, nem alimentar e muito menos ética – para continuar este massacre. Sangue no mar não é tradição, é crime”, disse Silvana Andrade, presidente da ANDA.

Há séculos, as caças a golfinhos e baleias nas Ilhas Faroé envolvem barcos a motor encurralando os mamíferos marinhos em águas rasas, onde são mortos em baías designadas com lanças e facas.

    Você viu?

    Ir para o topo