Por Sônia T. Felipe* (da Redação)
Pela primeira vez, na história da imprensa brasileira, um jornal de grande circulação, o Diário de Pernambuco, serviu de caixa de ressonância aos anseios de todos os defensores e protetores de animais do Brasil, ao colocar em manchete de capa, o título emocionante: “O País unido contra a violência aos animais”.
A manchete lúcida do jornal que é o mais antigo em circulação da América Latina (completou recentemente 186 anos) expressa o sentimento dos milhões de brasileiros chocados com os casos constantes de crueldades contra animais, praticados pelas pessoas que deveriam ser as protetoras ou tutoras dessas vidas vulneráveis.
Não que os brasileiros tenham, de repente, se tornado cruéis, psicopatas zoofóbicos somatofóbicos. Atos de violência brutal contra a vida e o corpo de animais indefesos são praticados aos milhares todos os dias por esse Brasil afora.
Com o trabalho sério do jornalismo brasileiro em defesa dos animais, como o realizado pela ANDA, e repercutido por outros sites e redes sociais, as cortinas desse cenário chocante têm sido levantadas todos os dias, nos últimos três anos.
A ANDA, o primeiro portal jornalístico que combate a violência social e a destruição do meio ambiente a partir da defesa dos direitos animais, mostra diariamente, minuto a minuto, o que acontece a todos os animais condenados a viverem na proximidade dos humanos.
A consciência brasileira está passando por um refinamento moral, antes jamais pensado: os animais precisam ser considerados com o mesmo respeito, por sua vida, liberdade e bem próprio, com o qual tratamos da vida, interesses e bem próprio humanos.
Parabéns ao Diário de Pernambuco, por deixar que sua capa de hoje ecoe o sentimento de mais de 300 mil pessoas, que já assinaram a petição pedindo à justiça de Goiás agilidade e punição justa no processo contra Camilla Correa Alves de Moura Araújo dos Santos, que espancou e matou o cão que residia em sua casa, atirando-o contra a parede e depois o sufocando até a morte, e livrou-se de seu cadáver, como se fosse um item qualquer, descartável, e descartou-o da vida, como se para ele, estar vivo, não tivesse nenhum valor.
*Sônia T. Felipe é doutora em Teoria Política e Filosofia Moral, com pós-doutorado em Bioética-Ética Animal, co-fundadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Violência, ex-voluntária do Centro de Direitos Humanos da Grande Florianópolis, co-autora de “A violência das mortes por decreto” (Edufsc), “O corpo violentado” (Edufsc), “Justiça como Eqüidade” (Insular) e “Por uma questão de princípios” (Boiteux), “Ética e experimentação animal: argumentos abolicionistas” (Edufsc), colaboradora nas coletâneas, “O utilitarismo em foco” (Edufsc), “Éticas e políticas ambientais (Univ.Lisboa), “Filosofia e Direitos Humanos” (Edufce), “Tendências da Ética Contemporânea” (Vozes), “Instrumento Animal” (Canal 6). É professora e pesquisadora dos Programas de graduação e pós-graduação em Filosofia, e do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas, da UFSC. Investigadora Permanente do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e Membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, Lisboa.