Mais uma baleia-jubarte foi encontrada morta na semana passada, na praia da Baleia, em Vila Velha, ES. Nesta quinta (19), uma outra, a nona da “série”, foi encontrada em Aracruz, morta e com marcas de rede de pesca. São ocorrências verificadas no Espírito Santo só este ano, o que vem sendo considerado um fenômeno anormal por especialistas do estado.
Segundo Lupércio Araujo, do Instituto Orca, ainda não há explicação para as mortes, porém, a presença de barcos pesqueiros vindos do Sul do País munidos de redes de aço – capazes de arrastar baleias, tubarões, golfinhos, tartarugas, entre outros animais – está entre as possibilidades de degradação ambiental assistida no Estado. Das nove baleias encontradas mortas e encalhadas nas praias capixabas, duas apresentavam ferimentos gerados pelo enredamento.
Além deste, outro fator pode estar trazendo as baleias para a costa. O vento sul, segundo Lupércio, vem sendo cogitado como um dos fatores que empurram as baleias para o encalhe.
Em todo o País, vinte baleias-jubarte foram encontradas mortas só este ano. O número supera um fenômeno identificado também este ano na Austrália, onde dez baleias da espécie Jubarte já foram encontradas mortas este ano.
“No estado, o que chama atenção é que todas são filhotes juvenis de jubarte e geralmente com marcas de rede”, alertou o especialista.
Segundo ele, todos os indícios relacionados às mortes das baleias, inclusive o vento sul, deverão ser divulgados à Rede de Encalhes de Mamíferos Marinhos do Sudeste (Remase), que se reunirá nos dias 21 e 22 em Búzios, no Rio de Janeiro, para definir suas diretrizes.
A rede, que reúne especialistas de Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, deverá discutir os rumos da instituição e trocar informações sobre os fenômenos registrados este ano com a espécie Jubarte.
A informação é que baleias Jubarte buscam regiões costeiras onde se concentram para o acasalamento, a parição e a amamentação dos filhotes nascidos no ano subseqüente à fecundação, e entre as áreas escolhidas durante a migração estão o Sul do País, o Sudeste e a região de Abrolhos, no sul da Bahia.
Neste sentido, os especialistas buscarão a formalização da rede como uma forma de fortalecer a proteção destas espécies através do apoio da Rede de Encalhe de Mamíferos Marinhos do Brasil (Remab) e do Centro Mamífero Aquático, ligado ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (IcmBio).
“Vamos trocar informações. Este fenômeno não será a pauta do encontro que busca formalizar a rede, mas com certeza haverá troca de informações para que possamos entender melhor o que vem ocorrendo no litoral capixaba”.
Golfinhos x rede de pescador
Segundo o estudo “Aspectos da Distribuição, Biologia e Captura Acidental do Boto-cinza (Sotalia guianensis) no Litoral do Espírito Santo, Brasil”, as redes de pesca mataram 62% (33) dos 54 exemplares recuperados ao longo do litoral do Espírito Santo no período de 1994-2006.
Atualmente, este problema não mudou. No estado, o enredamento se mantém como a principal causa das mortes de golfinhos. Só este ano 11 golfinhos foram encontrados mortos no litoral capixaba, sendo o último um boto encontrado nesta quinta-feira (19), em Anchieta, com marcas de rede.
Segundo Lupércio Araujo, desta vez não se trata de redes de aço. As redes responsáveis pela morte dos golfinhos são utilizadas por pescadores.
Segundo o Instituto Orca, os 11 golfinhos encontrados mortos nas praias capixabas foram mortos por redes de pesca.
Com informações do Século Diário