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INTERAÇÕES

Mais do que uma cara comprida: cavalos usam um "rico repertório" de expressões para interagir

Movimentos faciais ajudam cavalos a comunicar sinais como a diferença entre agressividade e brincadeira, apontam pesquisadores.

29 de maio de 2025
Nicola Davis
3 min. de leitura
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Foto: Anastasija Popova/Alamy

Eles podem até ser alvos de piadas por causa de suas “caras longas”, mas cavalos fazem uma variedade de expressões ao interagirem entre si, descobriram pesquisadores.

Enquanto os movimentos faciais ajudam membros da mesma espécie a comunicar emoções ou outros sinais, eles também podem ser importantes para a compreensão entre espécies — como quando ajudam humanos a entender melhor as experiências de animais domesticados.

Nos cavalos, por exemplo, os movimentos das orelhas há muito são vistos como importantes indicadores de seu estado interno. No entanto, o novo estudo sugere que há muitos outros sinais a serem observados.

“Os cavalos produzem um repertório rico e complexo de expressões faciais, e não devemos ignorar as nuances dessas expressões se quisermos realmente entender as experiências subjetivas dos cavalos”, disse a Dra. Kate Lewis, autora principal da pesquisa, da Universidade de Portsmouth. Ela afirmou que o novo trabalho também pode ter outras aplicações, incluindo melhorias no cuidado e bem-estar dos cavalos.

Esta não é a primeira pesquisa a explorar expressões faciais em cavalos de forma sistemática, mas Lewis destacou que estudos anteriores estavam limitados a um número pequeno de contextos, geralmente criados por humanos — como impedir um cavalo de acessar sua alimentação, o que resultava em frustração.

Em artigo publicado no periódico PeerJ, Lewis e seus colegas relatam que adotaram uma abordagem diferente, utilizando um diretório existente de movimentos faciais equinos conhecido como Equine Facial Action Coding System (EquiFACS) para analisar as combinações de expressões faciais e comportamentos de 36 cavalos domésticos durante diferentes tipos de interações naturais. Essas interações foram classificadas pela equipe como amigáveis, brincalhonas, agressivas ou atencionais.

A equipe analisou 72 horas de filmagens para investigar quais movimentos faciais tendiam a ocorrer em cada contexto. “O mais interessante do que fizemos aqui é que documentamos sistematicamente as expressões faciais e cobrimos uma ampla variedade de comportamentos naturais”, disse Lewis. “Algo dessa escala nunca havia sido tentado antes com cavalos, e é muito empolgante ver as sutilezas de como os animais se comunicam entre si.”

Embora os pesquisadores tenham descoberto que quase todos os movimentos faciais ocorrem em todos os contextos, alguns eram mais específicos a determinados tipos de interação. Em particular, notaram que, durante interações amigáveis e pacíficas com outros cavalos, os animais tendiam a projetar o focinho para frente. Em contraste, quando estavam atentos a algo, as orelhas geralmente ficavam voltadas para frente e próximas entre si.

Durante encontros agressivos, as orelhas ficavam achatadas e voltadas para trás, as sobrancelhas internas se elevavam, as narinas se dilatavam e a cabeça se abaixava.

Durante brincadeiras, o lábio inferior frequentemente se retraía, o queixo se erguia, os lábios se separavam, a boca se abria bem, e as orelhas giravam e se achatavam para trás. Além disso, a equipe notou que, durante o brincar, os cavalos muitas vezes apresentavam aumento da parte branca visível dos olhos, o focinho era projetado para frente, e a cabeça tendia a ficar erguida ou virada para a direita — ou ambos.

“Esses resultados realmente destacam a importância de não se basear apenas em um único aspecto do rosto, como as orelhas, para entender o que o cavalo está tentando comunicar”, disse Lewis. “Em vez disso, precisamos considerar como os diferentes movimentos faciais funcionam em conjunto para formar a expressão facial completa.”

Primatas e alguns carnívoros, como ursos, também abrem a boca durante brincadeiras, acrescentou Lewis, como uma forma de indicar que a interação não é agressiva, evitando assim lutas indesejadas.

“Essa expressão facial já havia sido descrita anedoticamente em cavalos, mas agora conseguimos mostrar que ela realmente existe e, o mais importante, que envolve os mesmos músculos utilizados por primatas”, disse Lewis, acrescentando que essa semelhança sugere que a “expressão de brincadeira” evoluiu nos mamíferos antes do ponto em que cavalos e primatas se separaram na árvore evolutiva.

Ela concluiu: “Existem tanto semelhanças quanto diferenças entre as expressões faciais de primatas não humanos e cavalos, então, se quisermos realmente entender as expressões faciais e suas origens evolutivas, precisamos olhar além de nossos parentes primatas mais próximos.”

Traduzido de The Guardian.

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