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EXPLORAÇÃO

Mais de cinco bilhões de animais silvestres são criados para fins comerciais pelo mundo

25 de fevereiro de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Amy Jones

A ONG Proteção Animal Mundial publica o relatório “Criados para Lucrar: Revelando a Verdade sobre o Comércio Global de Animais Silvestres”, enfatizando que cerca de 5,5 bilhões de animais silvestres são criados em condições inadequadas de bem-estar em fazendas localizadas em cerca de 90 países. Esses seres sencientes – capazes de sentir emoções complexas como medo, alegria e empatia – são criados como mercadorias para diferentes finalidades: virarem animais de estimação, serem transformados em ornamentos, servirem de entretenimento nas indústrias turísticas, virarem alvo para caçadores, terem o couro e a pele retirados para utilização em produtos de moda e até para terem secreções e partes do corpo extraídas para utilização na medicina tradicional de países asiáticos.

“O relatório detalha como o elevado número de animais vivendo em espaços reduzidos e anti-higiênicos coloca seus cuidadores e o público em risco de contrair doenças zoonóticas, potencialmente em proporções pandêmicas. Essas fazendas de criação de animais silvestres colocam a vida dessas espécies em risco e são um perigo para a saúde dos seres humanos. A Proteção Animal Mundial destaca que muitos desses animais silvestres sofrem de desnutrição, doenças variadas, ferimentos e feridas infectadas, comportamentos induzidos por estresse e até canibalismo”, explica a coordenadora de Campanhas de Vida Silvestre, Júlia Trevisan.

O relatório detalha alguns dos setores em que são necessárias medidas urgentes:

Criação de ursos na China: cerca de 20 mil ursos são criados em dezenas de fazendas para movimentar a indústria de bile de urso, avaliada em US$ 1 bilhão na China. A bile é extraída dos animais ainda vivos em um procedimento extremamente cruel. Os ursos gemem e tremem de dor. Essa é, sem dúvida, uma das formas mais extremas de maus-tratos aos animais no mundo.

Criação de elefantes na Tailândia: a maioria dos quase três mil elefantes são criados em cativeiros e utilizados em 246 locais com finalidades turísticas, gerando até US$ 770 milhões anuais. Entre 2010 e 2020, o número da população de elefantes nessas condições aumentou 134%. A indústria do turismo que envolve esses elefantes na Tailândia lucra com o sofrimento animal, submetendo os animais a condições inadequadas e práticas questionáveis em nome do entretenimento e da ganância.

Leão e outros grandes felinos na África do Sul: aproximadamente oito mil grandes felinos são criados em 366 instalações conhecidas e utilizadas para diversos fins na indústria que movimenta U$43 milhões, incluindo entretenimento turístico, caça de troféus e exportações de partes do corpo para a Ásia para medicina tradicional.

O diretor da Campanha de Vida Selvagem da Proteção Animal Mundial, Nick Stewart, do Reino Unido, afirma que essa indústria envolvendo animais silvestres deve ser encerrada. “Os governos, o setor privado e nós, enquanto consumidores, devemos dar prioridade aos esforços para garantir que a vida silvestre seja protegida nos seus habitats naturais. É fundamental que essa seja a última geração de animais selvagens criados com fins lucrativos”, alerta.

A Proteção Animal Mundial apela aos governos de todo o mundo para que tomem medidas imediatas, implementando uma eliminação gradual abrangente das explorações comerciais de vida silvestre e do comércio associado. Além disso, a ONG apela para que sejam implementados meios de subsistência alternativos para as comunidades atualmente envolvidas na indústria da criação de animais silvestres, para garantir uma transição justa sem essas práticas prejudiciais.

Indústria do turismo x animais silvestres

A Proteção Animal Mundial alerta que, no Brasil, empresas como a CVC, Decolar, Trip,com e GetYourGuide ainda vendem ingressos para atrações que lucram com os animais silvestres na Ásia. Um dos exemplos é a venda de passeios nos quais os turistas podem acariciar, alimentar, fotografar, montar e lavar os elefantes. Para que esse entretenimento turístico ocorra, esses animais são criados em cativeiro, em condições que não atendem os parâmetros mínimos de bem-estar.

“Vender ingressos para essas atrações mantêm a demanda por experiências com animais silvestres em cativeiro. Essas práticas, além de cruéis, causam danos irreparáveis para o bem-estar dos animais, que merecem uma vida digna em seus habitats naturais. Nas fazendas de criação de elefantes, os animais que não são destinados aos fins turísticos acabam sendo explorados para entretenimento, que são extremamente cruéis. O mais importante é saber que toda vez que uma empresa de turismo no Brasil vende ingresso para uma dessas atrações, está contribuindo para o sofrimento dos animais”, explica Júlia Trevisan – Coordenadora de Campanhas de Vida Silvestre. A exploração dos animais silvestres pela indústria do turismo foi detalhada pela Proteção Animal Mundial no relatório.

Fonte: Cães e Gatos

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