Patrícia Dutra
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Se a Prefeitura de Sabará (MG) mantiver a suspensão da verba, a Associação Sabarense Protetora dos Animais e da Natureza (ASPAN), fundada em 2001, soltará nas ruas 123 cães que hoje estão no abrigo da ONG, em Sabará. Cerca de 114 entidades recebem subvenção da Prefeitura e a ASPAN era uma delas.
“A verba é usada para comprar ração e medicamentos para os animais. Sem a verba, a ração está no fim e não vamos deixar os cães morrerem de fome dentro do abrigo. Não temos como manter os animais e aí a alternativa é devolvê-los às ruas da cidade”, ressaltou a vice-presidente e fundadora da Aspan, Vera Lúcia Ferreira Pinto. Um protesto e caminhada até o prédio da Prefeitura está marcado para sábado, 22 de junho, às 9 horas, saindo da Praça no Melo Viana, Centro Histórico de Sabará, com a presença de voluntários da proteção animal de várias ONGs, representantes da ONG Movimento Mineiro de Defesa dos Animais e de outras entidades de Belo Horizonte, Caeté e Lagoa Santa, além de dezenas de animais que estão no abrigo.
As cadelas, segundo Vera, estão castradas e todos, machos e fêmeas, estão vermifugados, vacinados e com exame de leishmaniose negativo. “A Prefeitura não pode matá-los”, informou, observando que eles foram recolhidos das ruas doentes, receberam tratamento e, após curados, permanecem no abrigo até a adoção. A ASPAN realiza diversas feiras de adoção, inclusive em shoppings de Belo Horizonte.
A ASPAN tentou de todas as formas sensibilizar a Prefeitura para a importância da manutenção do repasse da verba. “Fizemos várias reuniões com representantes da Prefeitura, acionamos vereadores e vários tentaram sensibilizar o prefeito Diógenes Fantini. Fomos ao Ministério Público para oficializar o pedido e os governantes estão cientes da situação. O promotor deu o prazo de 15 dias para a Prefeitura se pronunciar. O tempo limite se encerrou, mas eles não deram resposta”, salientou Vera.
Apesar de o trabalho de cuidar dos cães ser obrigação do poder público, a atual administração suspendeu a ajuda, depois de 12 anos de parceria com a ONG. “Meu filho foi secretário na gestão anterior e sou cunhada de um antigo adversário do atual prefeito. Acredito que a verba não está sendo repassada por uma perseguição política”, argumentou Vera, lembrando que os 123 cães nas ruas da cidade poderá expor a população a mais doenças, como leishmaniose, os animais poderão ficar doentes, correndo risco de ser atropelados.
A falta de apoio da Prefeitura resultará também no fim das castrações gratuitas em animais de pessoas carentes e cães de rua.
A ONG presta contas dos seus atos e está com a documentação atualizada. Em março de 2013 a Prefeitura já havia indeferido o pedido da ASPAN para a liberação do recurso mas, após a entidade provar que a justificativa apresentada não era sustentável, o processo havia sido reaberto pela Secretaria Municipal de Saúde. Desde aquele período, há quase três meses, ele está sobre a mesa do atual prefeito aguardando a liberação.
Em 12 anos de trabalho a Associação Sabarense Protetora dos Animais e da Natureza (ASPAN) esterilizou aproximadamente 12 mil cães. Com isso, estima-se que mais de 300 mil animais deixaram de nascer em Sabará nesse período. O projeto colabora para a diminuição do número de cães nas ruas e, consequentemente, para o surgimento de doenças como leishmaniose e raiva. Além de recolher, tratar, vacinar, vermifugar e castrar os animais, a ASPAN promove campanhas de adoção dos animais. Outro serviço prestado pela entidade é a consulta, orientação e distribuição de medicamentos gratuitamente aos tutores de animais que, comprovadamente, não têm condições financeiras de adquiri-los. O abrigo da ASPAN foi construído pela vice-presidente Vera Ferreira em sua propriedade particular, com recursos próprios, além de uma clínica veterinária e um canil para animais doentes e abandonados.
Contato: Vera Lúcia Ferreira Pinto Alves (Vice-Presidente da ASPAN) – (31) 3671-1120 / (31) 8830-1022