Um encalhe em massa de pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) em estágio avançado de decomposição foi registrado no litoral de São Paulo. O total de animais mortos em Cananéia, Iguape e Ilha Comprida, de acordo com o segundo o Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), é de 739, correspondentes ao período de 15 a 21 de agosto.
Como hipótese para essas mortalidades, a entidade aponta os efeitos da migração por longas distâncias, dificuldade em encontrar alimento, parasitoses, quadros infecciosos e a interação com a pesca.
Ao g1, o biólogo Alex Ribeiro destacou que os encalhes podem estar relacionados com a juventude dos animais – eles aparentam ser jovens devido à falta de coloração definida. “Às vezes, na primeira viagem, não estão muito bem orientados e acabam se perdendo”, disse.
Ele acrescentou que os pinguins podem ter se aproximado demais das praias, ficado à deriva no mar e sem alimentos, e ter se aproximado da costa devido à influência humana.
O biólogo William Rodriguez Schepis relatou ao g1 que também existe a possibilidade de interação com redes de pesca. “É um animal que não tem mercado, não tem valor econômico, então ele [pescador] já descarta no mar”, salientou.
Ainda sendo Schepis, mesmo com o alto número de exemplares, o caso pode se enquadrar no contexto da seleção natural. Na Patagônia argentina, região nativa da espécie, Schepis disse que podem ser encontrados mais de 1 milhão de pinguins. “Existe um descarte natural. Então a seleção natural acaba fazendo esse papel.”
A aparição de tantos animais também está relacionada ao período migratório, que acontece de junho a setembro. Nesta época, eles deixam suas colônias na Patagônia argentina e nadam rumo ao norte, passando pelo Uruguai e chegando ao Sul e Sudeste do Brasil.
“Como a viagem é muito longa, muitos chegam fracos, debilitados, não conseguem se alimentar o suficiente para fazer a viagem toda e acabam morrendo”, explicou Ribeiro. “Muitas vezes morrem em alto mar ou chegam bem fracos, bem debilitados na praia. Morrem na praia ou acabam sendo resgatados por grupos que fazem monitoramento de praia.”
O biólogo Rafael Santos complementou que as águas do Sudeste – principalmente ao norte – não oferecem a alimentação necessária para todos os pinguins, que costumam migrar em grupos de 10 a 15 mil. “Tanto que a maioria que encalha tem características muito parecidas: São animais que estão magros e a grande maioria é filhote”, indicou.
O IPec pediu às pessoas que, caso encontrem algum animal marinho debilitado, seja um pinguim ou outra espécie, na região de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida, entrem em contato pelos telefones: (13) 3851-1779; 0800 6423341 e (13) 9 9691 7851 (WhatsApp).
Fonte: Um só Planeta