De acordo com informações da Associação R3 Animal, o sábado (27) foi marcado por uma triste constatação. Setenta pinguins foram encontrados mortos entre as praias do Santinho e Moçambique em Santa Catarina. A provável causa da morte é asfixia seguida de afogamento.
“Entre as praias do Santinho e do Moçambique, a equipe resgatou 71 pinguins, sendo apenas um vivo. As aves apresentavam marcas nas nadadeiras que sugerem interação com petrechos de pesca”, informa a R3 Animal, acrescentando que um dos animais estava com um pedaço de rede de pesca preso ao corpo.
O resgate foi feito pela técnica de monitoramento, Amanda Fernandes, e pelo monitor Rodrigo Tiburski, que atuaram no Trecho Norte do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) no sábado. O sobrevivente foi encaminhado para reabilitação e os mortos para necropsia no Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (Cepram/R3 Animal)
“É bem frustrante o indicativo de que eles sofreram ao morrer”
A médica veterinária Janaína Rocha Lorenço sugere que os pinguins ficaram presos. “Até agora, todos os pinguins que passaram por necropsia a causa provável de morte é asfixia/afogamento, com apteria em aletas [falha de penas nos membros torácicos], congestão generalizada e miopatia de captura [alterações fisiológicas desencadeadas no corpo por ficarem tentando se soltar por bastante tempo]”, explica Janaína.
“É bem triste a morte deles, ficamos arrasados cada vez que um morre. É bem frustrante o indicativo de que eles sofreram ao morrer”, lamenta.
Desde o dia 10 de junho até sexta-feira, 26, a R3 Animal resgatou 147 pinguins-de-magalhães nas praias de Santa Catarina. Onze deles estão em reabilitação, junto com outros 15 resgatados e estabilizados pelos parceiros do PMP-BS – Univali, Udesc e Univille.
Segundo a R3 Animal, além da problemática do plástico descartado nos oceanos e confundidos com alimento, a captura incidental (bycatch) é uma das grandes causas de morte de animais marinhos. Mesmo não sendo alvo de pescaria, os animais acabam capturados e morrem.
Pesca fantasma atinge 70% dos mares brasileiros
De acordo com a organização World Animal Protection (WAP), a pesca fantasma atinge 70% dos mares brasileiros, incluindo áreas de proteção ambiental como unidades de conservação.
Em quantidade, pelo menos meia tonelada de equipamentos de pesca são descartados ou perdidos nos mares de 12 estados todos os dias. A estimativa é de que diariamente 69 mil animais marinhos correm o risco de serem mortos ou feridos por esses materiais no Brasil.
Entre os mais afetados estão baleias, tartarugas-marinhas, toninhas, tubarões, raias, garoupas, caranguejos, lagostas e aves costeiras. A cada ano a pesca fantasma provoca o declínio populacional de 5% a 30% de algumas espécies marinhas.
Gratidão por estar conosco! Você acabou de ler uma matéria em defesa dos animais. São matérias como esta que formam consciência e novas atitudes. O jornalismo profissional e comprometido da ANDA é livre, autônomo, independente, gratuito e acessível a todos. Mas precisamos da contribuição, independentemente do valor, dos nossos leitores para dar continuidade a este imenso trabalho pelos animais e pelo planeta. DOE AGORA.