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DADOS ALARMANTES

Mais de 400 mil pássaros foram mortos para o consumo humano e tráfico no Chipre

O local é uma parada crucial para as aves que migram da Europa para a África todo ano

16 de março de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Bene Riobó | Wikimedia Commons

Um relatório recente revelou que mais de 400 mil pássaros foram aprisionados e mortos no Chipre durante o outono de 2023, marcando um aumento preocupante no crime contra a vida selvagem. As descobertas, compiladas pela BirdLife Cyprus com o apoio da Royal Society for the Protection of Birds (RSPB) e do Comitê contra o Abate de Pássaros (CABS), mostram um problema contínuo que ameaça a população de aves da região.

Na captura, os criminosos utilizam iscas e alto-falantes de chamada de pássaros para atrair uma variedade de aves pequenas, incluindo espécies de tordos e pardais. Uma vez atraídas para arbustos ou pomares, as redes de neblina ou galhos cobertos de cola prendem os animais, destinados a serem vendidos clandestinamente para restaurantes. Esses estabelecimentos oferecem os pássaros como uma iguaria local conhecida como “ambelopoulia”, servida em conserva ou cozida.

Os números impressionantes revelados no relatório – 435 mil pássaros mortos apenas no outono de 2023 – destacam a necessidade urgente de esforços de fiscalização. Enquanto iniciativas de proteção haviam contribuído anteriormente para uma diminuição na captura de aves ao longo da última década, o recente aumento serve como um lembrete contundente da fragilidade do progresso.

Chipre, uma parada crucial para aves migratórias que viajam entre a Europa e a África, desempenha um papel crucial na proteção delas. Espécies como toutinegras, papa-moscas e felosas caem nas armadilhas, aumentando as quedas no número de animais observadas em toda a sua área de distribuição.

Martin Hellicar, diretor da BirdLife Cyprus, enfatizou o papel crítico dos recursos de fiscalização no combate a tais crimes. “Apesar do progresso muito bom feito nos últimos anos, este outono foi um lembrete de que isso pode ser rapidamente revertido se os recursos de fiscalização não forem mantidos”, afirmou ele.

Apesar das medidas legislativas que proíbem captura de pássaros no país desde 1974, o comércio ilegal persiste em uma escala industrial. A base militar britânica em Chipre, a Área da Base Soberana (SBA), testemunhou um aumento de 41% na atividade de aprisionamento, revelando os desafios complexos da fiscalização em várias jurisdições na ilha.

“Não podemos permitir que o progresso que fizemos seja desfeito e que os níveis chocantes de abate de pássaros voltem aos níveis abomináveis que já vimos. Por duas décadas, nossa parceria internacional mostrou que podemos trabalhar juntos para combater essa atividade criminosa por meio de ações diretas no terreno apoiadas por ações de fiscalização”, disse Mark Thomas, chefe das investigações da RSPB.

Os esforços para combater a captura de aves vão além da aplicação da lei, abrangendo campanhas de conscientização pública com o objetivo de fomentar uma cultura de proteção aos animais e natureza no país.

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