Equipes da ONG Ecologia e Movimento (Ecomov) recolheram mais de 40 embalagens de produtos com origem internacional encontradas em praias de Peruíbe e Mongaguá, no litoral do estado de São Paulo. O lixo foi recolhido no período de um ano, de agosto de 2021 a agosto de 2021.
Embalagens de, em média, 14 países diferentes foram encontradas nas praias Brava, do Arpoador, Guarauzinho, Parnapoa e Juquiazinho, em Peruíbe, e nas praias da região central de Mongaguá. A maior parte é de produtos alimentícios, de água, bebida, isotônico, doces e sorvetes. Mas também foram encontrados produtos de uso restrito, como o conservante metabissulfito.
“Em dezembro, a Ecomov registrou nas praias do Parque Estadual do Itinguçu [em Peruíbe] materiais de origem da China, Malásia, Coreia do Sul, Dubai e Irã”, relatou ao G1 o presidente da Ecomov e educador ambiental, Rodrigo Azambuja. Em Mongaguá, materiais advindos da China e da Malásia foram predominantes. “Na sua totalidade, 99% são de continente asiático”, acrescentou.
“Isso mostra falha na fiscalização em alto mar. É preciso ter alguma lei ou protocolo mais rígido com relação ao descarte adequado desses lixos. Entramos com uma petição em 2020 no MP sobre o assunto, com ados de 2019 e daquele ano. E agora vamos atualizar os dados de 2020 a 2021. Entraremos com a petição nova nas esferas federais no Ministério Público e vamos buscar órgãos internacionais para apontar esse crime silencioso”, pontuou o ativista.
Há aproximadamente 10 dias, o monitor ambiental Amilton Pedroso de Aguiar, de 51 anos, encontrou uma garrafa de água produzida na China ao caminhar por uma praia de Peruíbe, onde mora.
“Esses lixos geram um grande impacto até para quem mora no entorno. E é muito comum vermos esses lixos internacionais na região. Tenho fotos desse tipo de embalagem desde 2017, mas desde antes disso já tinha. É que antes não tínhamos tecnologia para registrar. O interessante é que não temos um porto exatamente perto daqui de Peruíbe, e mesmo assim encontramos muito lixo internacional. Isso norteia que o impacto chega longe”, disse Aguiar.
Segundo a técnica ambiental Cleide Assis, os resíduos encontrados em Peruíbe “são advindos de embarcações pesqueiras e de outras grandes embarcações. Chegam através das correntes marinhas e acabam por ficar em nossas praias, restingas e manguezais. Micros e macros resíduos, encontramos praticamente de tudo. O ‘campeão’ é o plástico, infelizmente. Em um destes encontros, me deparei com um galão oriental”.