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Mais de 30 tartarugas marinhas estão em tratamento em Centro de Recuperação

3 de junho de 2011
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O Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram), do Museu Oceanográfico da Furg, está tratando 32 tartarugas marinhas, levadas para o local nas últimas três semanas. Só na terça-feira, chegaram nove, todas debilitadas devido à ingestão de lixo encontrado no mar. São tartarugas das espécies verde, tartaruga-de-pente e cabeçuda, juvenis, recolhidas na região do Cassino a Barra do Chuí, São José do Norte, Tavares e Mostardas, em monitoramentos de praia realizados pelo Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) da Lagoa do Peixe.
Equipe do Cram está mobilizada no atendimento às tartarugas. Foto: Fábio Dutra

Conforme a bióloga marinha Roberta Petitet e o veterinário Pedro Bruno, do Cram, todas apresentam quadro típico de ingestão de lixo. Três delas também estão com outros problemas, sendo uma com uma nadadeira estrangulada e outra sem uma nadadeira, ambas provavelmente por contato com rede de pesca, e uma terceira com o casco quebrado, o que deve ter ocorrido por choque com alguma embarcação. O tratamento no Cram se dá com hidratação, antibiótico e óleo mineral. Esse último objetiva fazer com que o fluxo gastrointestinal volte ao normal, para ver se elas expelem o lixo.

Pedro Bruno destaca que 99% das tartarugas que chegam ao Cram são vítimas de ingestão de lixo. Ele contou que há dois meses havia 15 tartarugas marinhas no Cram, das quais 80% morreram. E nas necropsias foi constatado que todas tinham ingerido resíduos. Segundo o veterinário, esses animais têm seus hábitos alimentares preferenciais, mas alimentam-se também de outros organismos. Por isso acabam ingerindo estes materiais.

Ele observa que as pessoas precisam conscientizar-se de que não basta só deixar de jogar lixo no mar, pois o que é jogado nas ruas é levado pelas chuvas para as valetas, arroios e rios, pelos quais chegam às lagoas e ao mar, como bitucas de cigarro, papel de bala, tampinha de garrafa, fios de rede de pesca e balões de aniversário.

Animais estão debilitados devido à ingestão de lixo. Foto: Fábio Dutra

O diretor do Museu Oceanográfico da Furg, oceanólogo Lauro Barcellos, destacou que lamentavelmente a quantidade de lixo no oceano está aumentando. “É consequência de falta de educação ambiental e de um desordenamento da ocupação litorânea por comunidades, e que, infelizmente, afeta diretamente as tartarugas marinhas. Nos monitoramentos que o Museu Oceanográfico realiza, observamos grandes quantidades de lixo depositadas na praia entre Mostardas e Chuí”, salientou Barcellos. A equipe do Cram ainda não tem previsão de quando os animais estarão reabilitados e em condições de serem reconduzidos ao mar.

As tartarugas verde e cabeçuda, que costumam utilizar a costa do Rio Grande do Sul em busca de alimento, e a tartaruga-de-pente, são espécies ameaçadas de extinção, sendo que essa última é criticamente ameaçada. As de-pente, não são comuns na costa gaúcha. São de regiões mais quentes. Junto com as tartarugas, na última terça-feira também foram entregues no Cram dois pinguins magros, desidratados e com hipotermia, que estão recebendo hidratação e papa, além de serem submetidos a exame de sangue para verificar se apresentam algum outro problema de saúde.

Fonte: JA

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