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NOVO DESASTRE

Mais de 2800 bois e vacas sofrem há semanas em navio retido na Turquia após irregularidades na documentação

10 de novembro de 2025
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Ilustrativa| IA

Um navio que transporta 2.901 bois saindo do Uruguai está retido há mais de duas semanas na costa da Turquia, após as autoridades locais negarem a permissão para o desembarque dos animais por causa de irregularidades na documentação. O cargueiro Spiridon II chegou ao porto de Bandırma em 22 de outubro, quando o Ministério da Agricultura e Florestas constatou que cerca de 500 brincos de identificação não correspondiam aos documentos apresentados. Diante da incongruência, o desembarque foi proibido.

Moradores da região começaram a reclamar do mau cheiro e da presença de insetos, o que levou as autoridades portuárias a ordenar que o navio se afastasse da costa. Desde então, a embarcação permanece em alto-mar, onde as condições se deterioram rapidamente. De acordo com o proprietário, 48 bois já morreram desde a chegada à Turquia, e os 2.853 sobreviventes enfrentam fome, sede e calor intenso, confinados em espaços cobertos por fezes e urina.

O Spiridon II, construído em 1973 e convertido para transporte de gado em 2011, navega sob bandeira de Togo e é administrado por uma empresa libanesa, o que, segundo especialistas, torna mais difícil a fiscalização e a responsabilização em casos de maus-tratos. Entidades de defesa animal afirmam que o navio é apenas mais um exemplo das falhas do comércio internacional de transporte de animais vivos, um sistema que expõe seres sencientes a viagens longas, estresse, doenças e morte.

Foto: Animal Save Turquia/X

A organização internacional Four Paws alerta que as embarcações usadas nesse tipo de transporte muitas vezes são antigas, sem ventilação adequada e sem acompanhamento veterinário. Em casos anteriores, como os dos navios Elbeik e Karim Allah, que ficaram semanas à deriva no Mediterrâneo em 2021, centenas de bovinos morreram em circunstâncias semelhantes. A Animal Reader também destacou que os bois do Spiridon II estão há mais de 50 dias em confinamento, sem previsão de resgate ou desembarque.

Ativistas de direitos animais têm pressionado o governo turco para autorizar imediatamente a descarga dos animais, pedindo que a vida deles seja priorizada em relação à burocracia. Organizações apontam ainda a omissão de autoridades internacionais, que seguem permitindo um comércio cruel e perigoso, frequentemente mascarado por interesses econômicos.

O caso do Spiridon II reacende o debate sobre a urgência de abolir o transporte marítimo de animais vivos. Diversos especialistas defendem que países exportadores substituam essa prática pelo comércio de carne refrigerada ou material genético, reduzindo o sofrimento animal e os riscos sanitários. Enquanto isso, 2.853 bois permanecem presos em alto-mar, famintos, exaustos e cercados pela morte, vítimas de um sistema que insiste em tratá-los como simples mercadorias.

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