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FINALMENTE LIVRES

Mais de 250 animais são resgatados de cativeiro da indústria de peles 

Raposas, guaxinins, híbridos de lobo e cachorro, gambás, gambás-de-orelha-branca e coiotes eram criados e assassinados por suas peles, vendidos como animais exóticos e aprisionados para a extração de urina

28 de janeiro de 2025
Júlia Zanluchi
5 min. de leitura
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Foto: Humane Society of the United States

No último fim de semana, a Humane Society of the United States (HSUS) e as autoridades finalizaram uma operação que resgatou mais de 250 animais em um criadouro de diversas espécies por sua pele e urina em Ohio, nos Estados Unidos.

O Escritório do Comissário do Condado de Ashtabula solicitou a assistência da HSUS após o proprietário do criadouro Grand River Fur Exchange falecer no final de dezembro de 2024, agravando a exploração e maus-tratos de animais na propriedade.

Segundo informações divulgadas pelo World Animals News, os animais viviam em gaiolas sujas, com pouca ou nenhuma proteção contra o frio extremo. Alguns tinham os dedos, as orelhas, os rabos e outros membros mutilados.

Veterinários determinaram que os animais provavelmente perderam os dedos devido ao chão de arame das gaiolas, enquanto os que perderam membros e patas provavelmente foram presos em armadilhas de aço para ursos encontradas na propriedade. Muitos estavam desnutridos, gravemente desidratados, e vários foram encontrados mortos e cobertos de neve. Quando os socorristas chegaram ao local, encontraram um coiote morrendo lentamente, preso em uma armadilha.

Foto: Humane Society of the United States

Os animais eram criados e assassinados por suas peles, vendidos como animais exóticos e mantidos em cativeiro para a extração de urina. A urina de predadores é usada em caça, armadilhas, adestramento de cães e, ironicamente, como um “repelente” de animais selvagens para jardineiros. Alguns dos animais eram criados em cativeiro, enquanto outros eram aprisionados na propriedade após serem capturados em armadilhas extremamente dolorosas.

“Esta é uma das situações mais horríveis que já vi — o terror e a dor eram palpáveis”, afirmou Adam Parascandola, vice-presidente da Equipe de Resgate de Animais da HSUS. “Nossa equipe está acostumada a lidar com crueldades em casos criminais, como brigas de cães e negligência severa, mas isso se destaca tanto pelo sofrimento quanto por essas práticas da indústria da pele. É perturbador.”

Os animais sofrem muito na indústria da pele, tanto no dia a dia quanto quando são mortos. Eles são assassinados por gaseificação, eletrocussão anal ou pancadas, que resultam em mortes lentas e dolorosas. Esses métodos são comuns em fazendas de pele para evitar danos ao produto. Ferramentas de eletrocussão foram encontradas na propriedade.

“Ohio precisa acabar com o sofrimento de animais selvagens criados para a extração de pele ou urina, ou para serem vendidos como animais domésticos. Essas indústrias exploradoras lucram com a crueldade animal e estão radicalmente fora de sintonia com os valores do nosso estado”, disse Mark Finneran, diretor estadual da HSUS em Ohio. “Embora eu me orgulhe dos esforços feitos para ajudar os animais neste criadouro, nunca podemos permitir que esse tipo de tratamento horrível de animais ocorra novamente em Ohio.”

Foto: Humane Society of the United States

Durante várias semanas, socorristas da HSUS dedicaram-se aos cuidados diários dos animais na propriedade. Eles trabalharam ao lado das autoridades de Ohio para facilitar o acolhimento dos animais em centros de reabilitação de vida selvagem licenciados e santuários credenciados em todo o país. A operação de resgate foi concluída em 25 de janeiro, com a remoção dos últimos grupos de animais do local.

“Sou extremamente grato à HSUS por intervir para ajudar nosso condado neste caso de bem-estar animal. A situação surgiu por volta do Natal, durante algumas das piores condições climáticas possíveis, e simplesmente não tínhamos os recursos locais para gerenciá-la de forma eficaz ou garantir que os animais fossem cuidados humanitariamente”, declarou Casey Kozlowski, comissário do Condado de Ashtabula. “Seu suporte logístico significativo, junto com os esforços de nossos agentes humanitários do condado e da Divisão de Vida Selvagem do ODNR, fez toda a diferença. Não posso agradecê-los o suficiente por sua colaboração. Minha esperança é que, como resultado desta situação, possamos implementar proteções maiores a nível estadual para promover e garantir o tratamento humanitário dos animais no futuro.”

Embora criadouros como esse operem fora do radar da supervisão estadual e federal, este caso serve como um exemplo de uma operação sujeita à inspeção federal que escapou das regulamentações.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) é responsável por licenciar e inspecionar operações que criam animais selvagens para venda como animais domésticos, como os híbridos de lobo e gambás criados pela Grand River Fur Exchange. Em 2011, o USDA multou e proibiu o operador de se envolver na criação e venda de animais selvagens, mas ele continuou a praticar essas atividades, aparentemente sem mais fiscalização.

Foto: Humane Society of the United States

“A Humane Society International investigou fazendas de pele em todo o mundo, e o sofrimento animal e a imundície que vimos nesta propriedade são constantes”, disse PJ Smith, diretor de política de moda da HSUS.

“O comércio de pele nos EUA opera há muito tempo nas sombras, sem qualquer supervisão, e é muito raro ter acesso a um criadouro de pele nos EUA, quanto mais poder resgatar os animais. Simplesmente não se pode colocar animais selvagens em uma gaiola por toda a sua vida e esperar outra coisa além de um pesadelo. Este criadouro é apenas mais um exemplo do que o comércio de pele não quer que você veja”, acrescentou o diretor.

Documentos encontrados na propriedade indicam que o proprietário vendia peles para a Fur Harvesters Auction, a última casa de leilão de peles remanescente na América do Norte. As peles leiloadas são vendidas globalmente e usadas em produtos de decoração e moda, como chapéus e acabamentos em luvas ou sapatos.

Devido à situação insalubre e violenta em que os animais foram encontrados, incluindo ferimentos graves e doenças, alguns foram sacrificados durante a operação de resgate. No final, mais de 250 animais resgatados foram colocados com sucesso em reabilitadores de vida selvagem e santuários.

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