Mais de 200 animais domésticos que foram abandonados por tutores que fugiram dos incêndios na Grécia foram resgatados neste mês por voluntários da proteção animal. Os sobreviventes que não sofreram ferimentos foram levados para um abrigo improvisado e os que apresentaram queimaduras graves receberam atendimento veterinário.
Banhos a cada duas ou três horas foram utilizados pelos voluntários como forma de resfriar as patas dos animais que não se feriram, mas sofreram as consequências das altas temperaturas causadas pelo fogo.
Em Atenas, um abrigo foi equipado com gaiolas nas quais os animais são colocados. Dentro delas, gelo e caminhas são oferecidos para proporcionar conforto e bem-estar aos resgatados, que também contam com um ventilador para aliviar o calor extremo.
E se por um lado há a tristeza de ter ficado sozinho em meio às chamas, por outro existe a solidariedade. Segundo Elena Dede, fundadora da entidade Dog’s Voice, “foram mais de 2.000 pessoas que se apresentaram como voluntárias”. Segundo ela, dez toneladas de comida para cachorros e gatos foram arrecadadas e serão levadas para canis na Ática, região leste da Grécia.
Até mesmo uma área de tratamento intensivo foi improvisado por veterinários que cuidam de animais gravemente queimados que precisam de cuidados contínuos. “Até agora, recebemos 233 animais”, disse à agência AFP Yannis Batsas, presidente da Ação Voluntária dos Veterinários Gregos.
Muitos desses animais, no entanto, não foram abandonados propositalmente pelas famílias. Isso porque alguns tutores, no desespero para fugir do local, não conseguiram levar consigo os animais, mas imediatamente procuraram por eles e os buscaram no abrigo. “Cerca de 90 animais voltaram para seus tutores”, disse Elena Dede.
Grécia em chamas
O calor extremo e a estiagem, motivados pelas mudanças climáticas, facilitaram uma onda de incêndios florestais na Grécia que fizeram com que fosse necessário esvaziar, no início de agosto, cidades próximas a Atenas para garantir a proteção dos moradores. Florestas e imóveis foram destruídos pelo fogo.
Com a evacuação das casas, muitos moradores fugiram em desespero e deixaram seus animais para trás. Comovidos com o sofrimento de cachorros e gatos abandonados no local, voluntários se uniram para salvá-los. Muitos deles, inclusive, concordaram em abrigar cachorros por cerca de quinze dias em suas próprias casas.
E é justamente a união entre os ativistas que faz a diferença em meio a um cenário caótico e triste. “Nunca temos mais de cinquenta animais ao mesmo tempo, graças a abrigos e adoções”, asseverou a voluntária Yannis Batsas.