A morte de mais uma beluga e de uma foca no aquário Marineland, voltou a expor o colapso de um dos últimos zoológicos marinhos que ainda mantém animais aprisionados no Canadá. Com o novo caso, já são 20 baleias mortas desde 2019, sendo 19 belugas e uma orca, revelando um quadro alarmante de sofrimento e negligência.
Segundo fontes ligadas ao governo e ao próprio parque, a beluga mais recente morreu após um episódio de estresse coletivo causado por invasores que teriam agitado o grupo em Friendship Cove, área que abriga os machos. O animal mais velho não resistiu, apesar de tentativas de tratamento.
Hoje, calcula-se que cerca de 30 belugas ainda permaneçam presas em Marineland, os últimos indivíduos da espécie em cativeiro em todo o Canadá.
Ex-tratador e atual ativista, Phil Demers, uma das vozes mais críticas à exploração em Marineland, afirmou que a situação “não está melhorando, está piorando” e descreveu os sobreviventes como “animais cada vez mais velhos e doentes”. Ele vem pressionando o governo a agir, e recentemente conversou por telefone com o premiê de Ontário, Doug Ford, que demonstrou interesse em intervir, chegando a cogitar “tomar o parque” para garantir a segurança dos animais.
Embora a província alegue fiscalizar Marineland com regularidade e cite mais de 200 inspeções nos últimos três anos, ativistas e parlamentares denunciam a falta de transparência sobre as reais condições dos tanques e sobre as mortes em série. Em 2021, três das cinco belugas transferidas para o Mystic Aquarium, nos Estados Unidos, também morreram — duas delas no primeiro ano após a mudança, reforçando o dilema entre manter os animais no parque falido ou arriscar novos transportes fatais.
Para os ativistas, a situação mostra a falência do modelo de exploração de cetáceos em cativeiro, proibido por lei federal desde 2019, mas do qual Marineland foi “anistiado”, mantendo seus animais aprisionados. “Estamos implorando para que o governo salve esses animais antes que mais morram”, disse Demers.
Enquanto isso, Marineland segue fechado ao público desde 2023, vendendo brinquedos e parte de sua estrutura para levantar recursos, enquanto os animais permanecem confinados em tanques contestados por especialistas e alvo de dezenas de ordens de correção emitidas pelo governo.
Para o deputado provincial Wayne Gates, “não fazer nada é inaceitável em qualquer nível de governo”. Ele exige que Ottawa intervenha e que os relatórios de inspeção venham a público. “A sociedade tem o direito de saber o que realmente acontece atrás dos portões de Marineland”, afirmou.
O que se vê hoje em Ontario é o retrato de um parque decadente que insiste em prolongar o aprisionamento de animais e de um impasse político que pode custar a vida de mais baleias e golfinhos antes que uma solução real seja posta em prática.