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PATAGÔNIA

Mais de 2 mil ovelhas morrem durante nevasca na Argentina devido à negligência do governo

De acordo com fazendeiro, o governo provincial não prestou auxílio nos resgates mesmo após pedido de ajuda

18 de agosto de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Reprodução

Mais de 2 mil ovelhas morreram em Río Chico, município no sul da Argentina, devido às fortes nevascas que atingiram a Patagônia nas últimas semanas. De acordo com Sergio Poklepovic, o fazendeiro responsável, elas poderiam ser salvas se o governo provincial tivesse agido mais rápido e efetivamente.

Poklepovic contou que entrou em contato com as associações rurais locais para pedir ajuda e resgatar o rebanho que estava preso na nevasca. “As ajudas chegaram tarde, quando os animais já estavam mortos”, explicou ele.

Em sua propriedade de mais de 20 mil hectares, havia cerca de 5.500 ovelhas, ele perdeu 36,4% do rebanho. “São muitos hectares para percorrer. Eu sabia que havia animais cobertos pela neve que não conseguimos ver quando fizemos o percurso para protegê-los. Ainda não tenho o número exato de quantos morreram”, pontuou Poklepovic.

Outras fazendas da região também passaram pela mesma situação, mas ainda não se sabe exatamente o número de mortes.

O fazendeiro contou que recebeu 400 sacos de alimento para os animais como ajuda do governo, já após as mortes. “Mas eu já tinha terminado de acomodar o rebanho, não havia mais nada a fazer. Agradeci, mas disse que já não havia mais nada a fazer. As ovelhas já estavam mortas. Vi [na TV] que eles estavam mais focados em fazer política enquanto entregavam ajudas; entregavam uma caixinha de mantimentos, mas eu precisava de ajuda para o rebanho, não de uma caixinha de mantimentos. Eles estavam fazendo política; havia 80 centímetros de neve e eles vinham de mocassins para tirar foto ao nosso lado”, disse com indignação.

Tudo piorou quando o trator falhou, visto que máquina era essencial para salvar os animais da neve. Poklepovic então teve que sair a cavalo e “fazer trilhas” para abrir caminho para as ovelhas. “Eu trabalhei por uns 15 ou 20 dias para tentar salvar o rebanho. Se tivessem enviado uma máquina, teria feito isso em dois ou três dias, mas tivemos que fazer com muito sacrifício, junto com meu filho e os empregados”, declarou.

Nos últimos dias a neve começou a derreter e ele se deparou com uma cena desoladora. “Elas estavam cobertas de neve. Quando percorremos o campo, subimos nas partes mais altas e observamos, mas era tanta neve que não vimos as ovelhas”, disse.

Nota da Redação: Esse incidente é apenas um exemplo das crueldades causadas pela agropecuária. Além dos impactos ambientais e da vulnerabilidade dos animais em condições extremas, há a questão ética ligada ao uso de produtos de origem animal.

A lã verdadeira, por exemplo, é resultado da exploração das ovelhas, que muitas vezes em condições inadequadas. É fundamental que as pessoas comecem a usar substitutos sustentáveis e parem de utilizar lã verdadeira, optando por materiais que não envolvam sofrimento animal.

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