Por Raquel Soldera (da Redação)
Em Porto Rico, cerca de 133 mil cães e gatos são sacrificados anualmente depois de terem sido abandonados por seus tutores, segundo Maritza Rodríguez, presidente do Conselho de Administração do abrigo da Humane Society em Guaynabo.
E este número retrata apenas os animais que são “colocados para dormir” nos cinco centros municipais de Controle de Animais e nos três albergues.
“Cerca de 135 mil animais são recebidos por ano em nossas instalações, dos quais 98% são sacrificados. É um número astronômico. Destes, apenas dois ou três por cento são colocados para adoção “, disse Rodríguez.
Segundo Rodriguez, todos os abrigos do país vivem a dura realidade da grande quantidade de animais abandonados ou entregues nas suas instalações. “São sacrificados porque não temos espaço para o volume de animais que recebemos”, acrescentou Rodriguez, enquanto relatava que muitos tutores de animais os deixam nos abrigos sabendo que serão sacrificados.
“Eles sabem que serão colocados para dormir e não se importam. São abandonados assim mesmo, mesmo se falarmos que em duas ou três semanas teremos espaço para eles e então poderão ficar conosco até serem adotados”, disse Rodriguez. E acrescenta que outros tutores de animais preferem deixá-los nas ruas ou em centros comerciais em vez de pagar a taxa para deixá-los em abrigos ou refúgios.
“Alguns não querem pagar a taxa para deixá-los no albergue. Outros simplesmente acham que, se deixá-los em centros comerciais ou na frente de escolas, as pessoas vão pegá-los. Sejamos honestos: isso não acontece. Fazem isso acreditando que não vão morrer mas fazem pior, porque os canis ou centros de controle os recolhem, ou pior ainda, são atropelados. Essas pessoas entregam os animais a uma morte lenta”, acrescentou Rodríguez.
Para Rodríguez, a principal razão do sacrifício de tantos animais por ano em Porto Rico, mais que a recessão econômica que contribuiu para o aumento do abandono de animais nos últimos meses, é a falta de uma cultura de esterilização dos animais.
“A esterilização não é muito conhecida aqui. Há mais de 50 anos os animais têm sido sacrificados. Adiantou? Não. Nós ainda temos o mesmo problema”, disse Rodríguez.
Além de falta de vontade das autoridades para impor a esterilização como forma de controlar a população animal, existem vários mitos sobre a esterilização de animais.
“As pessoas acreditam em muitas coisas que não são verdadeiras, como que a esterilização deixa os animais gordos, ou que ficam mais agressivos. Também não é verdade que um cão de guarda deixará de defender a sua casa”, disse a protetora dos animais.
Em vez de causar problemas, a esterilização traz muitos benefícios para os próprios animais, como a prevenção do câncer de mama, útero e próstata. Além disso, tornam-se mais caseiros, evitando fugas e que se percam.
“A crise econômica piorou a situação de abandono de animais, mas, acima de tudo, em muitos casos a falta de vontade dos tutores em ficar com eles é maior. Não buscam opções e preferem que sejam mortos, abandonando-os em ruas e centros comerciais”, disse Rodríguez.
Outra solução para o problema da superpopulação é a adoção de animais. No entanto, apenas dois ou três por cento dos animais abandonados encontram um lar, muitas vezes porque as pessoas preferem comprar um cão de raça.
Com informações de Primera Hora e AnimaNaturalis