Cerca de 101 mil pessoas de 120 países assinaram uma carta aberta de reivindicação ao primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, pelo fim da cruel caça comercial de baleias do país. A petição, lançada pela Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, na sigla em inglês), é a maior demonstração pública de oposição à matança de baleias na Noruega desde 1993, quando a atividade foi retomada.
A manifestação pública aconteceu porque a Noruega – um dos únicos três países que ainda insistem na caça comercial de baleias, apesar da proibição em todo o mundo – está se preparando para defender a atividade na semana que vem, durante o 62º Encontro Anual da Comissão Internacional da Baleia (IWC, na sigla em inglês), em Agadir, Marrocos. A reunião pode acabar resultando em uma proposta desastrosa que iria efetivamente suspender a proibição da caça comercial, que já dura 24 anos, além de dar à Noruega o direito de caçar uma cota de 6 mil baleias minke nos próximos 10 anos.
No início desta semana, o lançamento de um novo vídeo da WSPA que exibe a crueldade da matança das baleias na Noruega resultou em uma forte reação do público. Milhares de pessoas de todo o mundo participaram do abaixo-assinado – inclusive, mais de 5 mil noruegueses – pedindo o fim dessa prática.
“Está claro que a caça de baleias na Noruega está ultrapassada. Uma recente investigação nossa demonstrou claramente que essa atividade é cruel e desumana”, disse. Mais de 100 mil pessoas manifestaram seu apoio ao crescente movimento mundial que exige que o sofrimento das baleias seja levado em consideração antes de se pensar em aspectos políticos. “A Noruega agora tem de explicar como vai defender a continuidade dessa prática retrógrada”.
No final de maio, a WSPA e os grupos de proteção animal noruegueses Dyrebeskyttelsen Norge e NOAH – for Dyrs Rettigheter, captaram imagens de uma baleia minke sendo atingida por um arpão pelo navio de caça norueguês “Rowenta”. A cena mostra o impacto do arpão e a falha dos caçadores noruegueses em garantir uma morte rápida, uma vez que o animal agoniza por horas. As imagens – e sua resposta internacional – evidenciam o argumento que a WSPA tem defendido: o tamanho das baleias combinado às adversas condições naturais dos locais de caça simplesmente não proporciona a esses animais uma morte humanitária.
“Nós estamos extremamente animados com esta forte oposição global à caça de baleias na Noruega – particularmente com os milhares de noruegueses que pedem ao seu país que pare com a matança. Agora o governo deve reconhecer e agir por essa causa”, afirmou Carl-Egil, diretor do Dyrebeskyttelsen Norge. As assinaturas foram recolhidas por meio de ações online promovidas em oito idiomas. Os grupos de proteção animal Dyrebeskyttelsen Norge e o NOAH entregaram o abaixo-assinado para o primeiro-ministro norueguês nesta quinta-feira, 17.
“A crueldade da matança pode acontecer longe dos nossos olhos, mas não fora de nossa mente. As pessoas não vão mais tolerar esse tipo de tratamento brutal com os animais. Nós aguardamos a resposta do primeiro-ministro e esperamos que ele aja com bom senso e compaixão”, disse Siri Martinsen, veterinária da NOAH.
Fonte: Estadão