Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Cerca de 1.200 rinocerontes foram mortos por caçadores na África do Sul no ano passado. Apesar do número ter sido levemente inferior ao de 2014, ele representa um aumento de 1200% sobre o número registrado há oito anos atrás. As informações são do Daily Mail.
O crescimento significativo da matança se deu devido à demanda pelos chifres de rinocerontes na China e no Vietnã, onde eles são valiosos pelas falsamente atribuídas propriedades medicinais.
Menos de 100 rinocerontes foram caçados em 2008, e desde então os números explodiram, com um recorde de 1.215 em 2014.
Os chifres são compostos principalmente de queratina, que é o mesmo componente das unhas humanas, mas é vendido em forma de pó com supostas propriedades de cura do câncer e outras doenças.
“Esses números representam tristes notícias”, disse Sabri Zain, diretora de políticas da Traffic, um grupo de monitoramento de vida selvagem.
“As estatísticas continuam inaceitavelmente altas, e a crise da caça aos rinocerontes está se disseminando em escala continental”.
A Traffic afirma que a caça no Zimbábue e na Namíbia aumentou — o que quer dizer que o ano passado foi o pior da história para os rinocerontes da África.
Por outro lado, Edna Molewa, ministra de relações ambientais da África do Sul, admite que a investida contra os rinocerontes continua inabalável, porém – contraditoriamente – considera o número de 1.175 como “um grande sucesso”.
Ela explica que, pela primeira vez em uma década, a situação da caça “se estabilizou”. “Essas são muito boas notícias e motivo para otimismo”, disse a ministra.
Segundo a reportagem, 317 caçadores foram presos em 2015, contra 258 em 2014.
Muitas das gangues armadas estão baseadas em Moçambique, ao longo da fronteira com o Parque Nacional Kruger.
O preço crescente dos chifres desses animais e a crise da caça levantaram um debate no ano passado sobre a legalização das vendas, em uma tentativa de acabar com o mercado negro.
Se essa medida fosse implementada, os rinocerontes seriam legalmente descornados por um fazendeiro que colocaria o animal sob anestesia, e então arrancaria os seus chifres.
Mas em novembro, um juiz sul africano felizmente estabeleceu uma proibição do comércio doméstico de chifres.
O governo entrou com um recurso contra a decisão, mas afirmou que irá à Suprema Corte para apelar.
Segundo a reportagem, a polêmica é baseada no argumento de que a legalização da venda dos chifres deveria manter mais animais vivos, uma vez que o animal não morre quando o chifre é retirado, enquanto todos os rinocerontes que têm seus chifres arrancados pelos caçadores são mortos em seguida.
As autoridades defendem a mudança como uma “alternativa legal” à atual matança dos animais, sem atentar para o fato de que, com a adoção da medida, os rinocerontes continuarão sofrendo e inclusive sendo caçados, pois a legalização permitirá uma brecha à comercialização e caçadores manterão a sua prática de matar os animais.
Alguns especialistas acreditam que os números reais de mortes são muito maiores que os divulgados, pois muitos corpos nunca são encontrados e ficam, portanto, fora da “contagem”.
A África do Sul é lar para aproximadamente 20 mil rinocerontes, o que representa em torno de 80 por cento da população mundial da espécie.
Nota da Redação: As autoridades da África do Sul que defendem a legalização da retirada dos chifres não percebem que o que está no cerne da questão não é tornar legal ou não a extração dos chifres e sim o respeito à vida do animal. Seus chifres são parte de seus corpos, pertencem a eles e ninguém pode se dar ao direito de arrancá-los. Retirar seus chifres consiste em exploração e crueldade desnecessária, sendo uma ação que igualmente causa dor e danos, e só a proibição de qualquer prática desse tipo irá fazer parar a matança.