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DEVASTAÇÃO

Maioria dos municípios da Mata Atlântica têm menos de 30% de vegetação natural, aponta levantamento

Os estados com menor cobertura nativa em 2021 são Alagoas (17,7%), Goiás (19,5%), Pernambuco (23,4%), Sergipe (25,5%), São Paulo (28,4%) e Espírito Santo (29,3%)

21 de outubro de 2022
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Paraná é o 3º estado que mais derrubou área de Mata Atlântica no primeiro semestre de 2022 — Foto: Reprodução/RPC

Apenas 24,3% de todo o bioma Mata Atlântica é constituído pela formação florestal original, de acordo com o levantamento realizado pelo Mapbiomas desde 1985. Com 70% da população brasileira em seu território, nos 17 estados em que o bioma está presente, esse tipo de cobertura ocupava 27,1% em 1985 e caiu para 24,3% em 2021.

O mapeamento é feito a partir de imagens e respeita os contornos determinados pela Lei n° 11.428 de 2006, também conhecida como Lei da Mata Atlântica. Foram analisados todos os remanescentes florestais, incluindo os encraves do Piauí, Ceará e interior da Bahia.

Os estados com menor cobertura nativa em 2021 são Alagoas (17,7%), Goiás (19,5%), Pernambuco (23,4%), Sergipe (25,5%), São Paulo (28,4%) e Espírito Santo (29,3%). Até o ano passado, os estados com maior cobertura nativa de Mata Atlântica eram Piauí (89,9%), Ceará (76,9%), Bahia (49,7%) e Santa Catarina (48,1%).

Nos últimos 37 anos, a agricultura foi a atividade que mais ocupou espaço, avançado 10,9 milhões de hectares. Se em 1985 ela ocupava 9,2% do bioma, em 2021 esse percentual alcançou 17,6%. Além disso, um em cada quatro hectares desse bioma é destinado ao pasto, segunda maior atividade na região depois da agricultura. São 32,2 milhões de hectares, que representam 24,6% da Mata Atlântica.

Mapas mostram nível de desmatamento no Paraná em um ano — Foto: SOS Mata Atlântica

Urbanização

Nos últimos 37 anos, as áreas urbanizadas passaram de 674 mil hectares em 1985 para 2,03 milhões de hectares em 2021. Isso representa um aumento de 1,4 milhão de hectares. Ao todo, 87,5% da expansão ocorreu sobre áreas já alteradas. A partir de 1985, ano em que o levantamento da área começou a ser realizado, 12,7% da urbanização se deu em áreas que ainda estavam intocadas pelo homem.

“A preservação do que restou de Mata Atlântica e a restauração em grande escala são essenciais para preservarmos alguma resiliência dessa região à dupla ameaça da crise climática e da crescente irregularidade do regime de chuvas, decorrente do desmatamento da Amazônia”, diz Luís Fernando Guedes Pinto, Diretor Executivo da SOS Mata Atlântica.

Efeitos

Um dos resultados da degradação do bioma é a perda da produção e proteção de água. Para essas duas atividades acontecerem naturalmente é preciso da proteção que a floresta oferece. No período analisado, a bacia do Paraná teve sua cobertura nativa reduzida de 22,5% para 21,6% em 2021. A do Paranapanema e do São Francisco também tiveram uma redução da cobertura nativa, de 21,3% (1985) para 20,3% e de 57% (1985) para 52,9%, respectivamente.

“Depois de sucessivas crises hídricas afetando dezenas de cidades ao longo da Mata Atlântica, é preocupante ver a capacidade de fornecimento de serviços ambientais deste bioma ser continuamente fragilizada”, adverte Luís Fernando.

Fonte: G1

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