A maioria dos chineses (51%) é a favor da proibição do “Festival de carne de cão” que se realiza anualmente de Yulin, no sul da China, segundo uma sondagem online difundida em Pequim.
O resultado traduz a crescente influência e militância das organizações de defesa dos direitos dos animais, mas 49% dos inquiridos na sondagem continuam a defender que aquele festival não deve ser proibido, revelou o jornal Global Times.
“A vida dos animais deve ser respeitada, mas as tradições também”, afirma a minoria.
O Festival de Yulin, que causou este ano o abate de mais de 10.000 cães, realiza-se tradicionalmente no dia 21 de junho (solstício de verão).
Segundo as regras, o cão é servido com lixias, uma fruta muito fresca, típica da China, e regado com “bai ju” (uma aguardente branca, à base de cereais).
Este ano, três dias antes da data, vinte organizações de defesa dos direitos dos animais apelaram ao município de Yulin que proibisse o festival, salientando que o consumo da carne de cão está na origem do “vertiginoso roubo” de cães domésticos no país, disse o Global Times.
“Parem com a crueldade, não comam cães nem gatos”, proclamava uma faixa de pano desfraldada frente a um dos mais conhecidos restaurantes da especialidade em Yulin.
Os ativistas alertaram também que os cães mortos e cozinhados em Yulin podem ser portadores de doenças suscetíveis de contaminar os humanos.
Funcionários locais disseram que o festival é uma iniciativa da população e não do governo, e garantiram que todos os cães do menu foram criados em quintais da região.
“Comemos galinha, porco e vaca, porque não carne de cão?” – comentou um residente de Yulin citado pelo Global Times.
Até há cerca de duas décadas, por razões de saúde pública, não eram autorizados animais domésticos dentro das cidades chinesas, mas hoje, em Pequim, Xangai e outras grandes metrópoles onde muita gente vive sozinha e os casais só podem ter um filho, a companhia de um cão é cada vez mais apreciada.
No final de 2009 haveria 58 milhões de cães domésticos em vinte cidades chinesas e o número aumentava 30% ao ano, estimou uma revista.
Segundo 51% dos inquiridos na sondagem divulgada hoje, “os cães são amigos fiéis dos seres humanos” e “ajudam as pessoas de muitas e valiosas maneiras”.
Fonte: RTP