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MÉTODO NÃO INVASIVO

Maiores mamíferos do mundo: tecnologia ajuda no monitoramento e proteção de baleias

28 de novembro de 2022
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução | TV Gazeta

Como estudar um dos maiores mamíferos do mundo que passa grande parte do tempo embaixo da água e migra quase nove mil quilômetros anualmente entre a costa brasileira e a Antártica?

A tecnologia ajuda. Pesquisadores brasileiros que se dedicam aos estudos das baleias-jubartes contam com um leque de opções na hora da coleta de informações.

“Costumamos trabalhar com as baleias somente quando elas estão na superfície, fazendo fotos, coletando amostras ou usando hidrofones para gravar o canto das jubartes”, explica o pesquisador Milton Marcondes, diretor de pesquisa no Instituto Baleia Jubarte, que encontra os animais durante cruzeiros de pesquisas embarcadas.

De acordo com ele, no entanto, o estudo das baleias vem evoluindo com o uso de novas tecnologias: “Com o surgimento dos drones, por exemplo, nós temos conseguido avistar as jubartes de cima e um pouco do que elas fazem quando estão um pouco abaixo da superfície (uns 2 ou 3 metros de profundidade)”.

A realização de sobrevoos também amplia a visão área a medida que abrange uma área maior e auxilia na identificação da distribuição desses mamíferos marinhos.

Mas um dispositivo promete revolucionar ainda mais os estudos com baleias permitindo que os pesquisadores “mergulhem” junto a elas por até quatro horas.

“A CAT Cam é um equipamento que pode ser colocado nas costas de uma baleia-jubarte. Ela se prende na pele da baleia através de ventosas e depois de cerca de três a quatro horas o equipamento se solta e fica flutuando, emitindo um sinal de rádio que usamos para localizá-lo e retirá-lo da água. Assim, os dados podem ser baixados e o CAT Cam pode ser reutilizado”, comenta.

CATS é a sigla para ‘Customized Animal Tracking Solutions’, em tradução livre: Solução Personalizada para Rastreamento Animal

Foto: Instituto Baleia Jubarte

O dispositivo usado no Brasil por pesquisadores do Projeto de Monitoramento de Cetáceos da Bacia de Santos e agora também pelos do Projeto Baleia Jubarte tem uma câmera que dá uma visão do ponto de vista da baleia, o que permite que os especialistas avaliem como a jubarte interage com outras baleias e outros animais.

“Também tem um hidrofone que grava as vocalizações das baleias e os ruídos do ambiente marinho. Tem um acelerômetro, profundimetro e giroscópio que permite saber a velocidade que a baleia está nadando, a direção e profundidade. Com isso podemos traçar todo o percurso que a baleia fez enquanto estava nadando, quantas vezes ela subiu para respirar, a que profundidade ela mergulha”, acrescenta Marcondes que lembra ainda de outro projeto com jubartes da Antártica. “Por lá, foi possível registrar como as jubartes cercam os cardumes de krill (um crustáceo parecido com um camarão) para se alimentarem”, diz.

Todas esses dados servem de base para pesquisas importantíssimas que podem impactar diretamente na sobrevivência da espécie. “Estas informações são importantes para saber como as baleias irão reagir às mudanças no clima do planeta e também para tentar entender como podemos diminuir os riscos de atropelamentos de baleias por navios, porque elas não conseguem perceber as redes de pesca, etc. Vai nos dar informações para que possamos tentar diminuir o impacto das ações humanas sobre as baleias”, finaliza.

Fonte: G1 

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