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Maior incêndio da Califórnia tem caçador como principal suspeito

11 de setembro de 2013
7 min. de leitura
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Por Patricia Tai (da Redação)

Bovinos caminham próximos ao fogo, em meio a trecho de floresta atingido pelo Rim Fire. Foto: Justin Sullivan / Getty Images
Bovinos caminham próximos ao fogo, em meio a trecho de floresta atingido pelo Rim Fire. Foto: Justin Sullivan / Getty Images

 O chamado “Rim Fire”, um enorme incêndio florestal dentro e ao redor do Parque Nacional de Yosemite, começou no dia 17 de agosto e até então, início de setembro, ainda está controlado em apenas 80%. Foi descoberto recentemente que o fogo foi provocado a partir de uma fogueira feita por um caçador e que fugiu de seu controle. As informações são da Ecorazzi, da Global Animal e do SF Gate.

O Serviço Florestal americano havia proibido fogueiras nas áreas designadas para camping mais de uma semana antes do fogo ter começado, devido ao alto risco de incêndio na região. Uma declaração emitida pelo departamento não deu detalhes sobre como o fogo na parte remota da Floresta Nacional de Stanislau fugiu ao controle do caçador.

O incêndio derrubou cinzas sobre o reservatório que é fonte da famosa água potável pura de São Francisco e autoridades tiveram que se esforçar para enviar mais água à área metropolitana antes que suas reservas se contaminassem. Foram utilizados equipamentos de 4,6 bilhões de dólares para mover a água rapidamente a reservatórios mais próximos à cidade, que abastecem 2,6 milhões de pessoas, a 150 quilômetros de distância.

O fogo varreu a montanha de Sierra Nevada e persistiu em carvalhos e pinheiros, pulando de copa em copa. Alastrou-se tanto que as autoridades temeram que chegasse à cidade.

A agência disse que não há evidências para acreditar que o caçador estivesse envolvido com cultivo ilegal de marijuana, que um chefe do Twain Harte Fire Department especulou anteriormente como uma possível causa.

Nenhuma prisão foi feita, e o nome do caçador não está sendo divulgado pois as autoridades aguardam resultado de investigações que estão em andamento, segundo Ray Mooney, porta-voz do Serviço Florestal americano.

Uma vez que a investigação estiver completa, o Departamento de Justiça irá decidir se será exigida a restituição. No passado, pessoas indiciadas por terem começado incêndios na Califórnia foram obrigadas a pagar pelos prejuízos. A delegacia do condado de Tuolumme declinou comentar o assunto.

Oficiais disseram que 111 estruturas, incluindo 11 casas, foram destruídas pelo incêndio, que queimou aproximadamente 960 km² de florestas. Milhares de bombeiros do país foram chamados para conter as chamas, que ameaçou 4 mil imóveis e ainda não foram totalmente extintas até então, quase um mês depois.

Esse incêndio é o maior da história da Califórnia e o seu combate custou ao estado 81 milhões de dólares.

O segundo incêndio mais grave registrado foi o Cedar Fire, em 2003, na Floresta Nacional de Cleveland, leste de San Diego. Foi provocado por Sergio Martinez, um caçador de cervos. O fogo atingiu 1113 km², destruiu mais de 2200 casas e foi responsável por 15 mortes humanas. Resultou em prejuízos estimados em 2 bilhões de dólares.

O caçador responsável pelo Cedar Fire foi sentenciado com um programa de 960 horas de prestação de serviços comunitários e cinco anos de prisão em liberdade condicional.

4 mil bovinos perdidos em meio ao fogo

Foto tirada no dia 23 de Agosto, cortesia do US Forest Service, mostra o Rim Fire alastrando-se na vegetação do Parque Nacional de Yosemite, California. Foto: Ho, AFP/Getty Images
Foto tirada no dia 23 de Agosto, cortesia do US Forest Service, mostra o Rim Fire alastrando-se na vegetação do Parque Nacional de Yosemite, California.
Foto: Ho, AFP/Getty Images

Havia cerca de 4 mil bovinos na região quando começou o incêndio Rim Fire, no dia 17 de Agosto. Atualmente, enquanto o fogo ainda não foi eliminado, criadores ainda estão tentando saber o que restou de seus rebanhos – se estão mortos, feridos ou se há animais ilesos, de acordo com reportagem do SF Gate.
Acreditando na possível morte de grande número desses animais, a indústria de gado americana só calcula o prejuízo financeiro.

“Fazendeiros saem todos os dias, reunindo as vacas que conseguem encontrar, as únicas que foram para as áreas livres do fogo”, disse Susan Forbes, gerente do serviço florestal. “Eles estão encontrando partes de rebanhos e concentrando-se em removê-los o mais rápido possível”.

Quando o fogo começou, muitos fazendeiros localizados nas proximidades conseguiram evacuar os animais com a ajuda de voluntários oferecendo caminhões, trailers e terras para alocar temporariamente os animais.

Mas para os que criavam gado dentro da floresta, movê-los foi muito difícil. Os animais estavam espalhados ao longo de milhares de hectares.

Dick Gaiser, que gerencia uma associação de fazendeiros no local, disse que muitos colegas seus estão retornando com as mãos vazias.

“Penso que o Serviço Florestal não esperava que o fogo fosse fazer o que fez em poucas horas”, disse ele. “Não havia meios de reunir as vacas em pouco tempo”.

Gaiser, que atribui a rápida disseminação do fogo à falta de estrutura do governo em proteger a floresta, disse que os fazendeiros terão duras decisões no futuro próximo. Eles terão de lidar com perdas financeiras (“uma vaca custa mais de mil dólares”) e encontrar comida para os animais sobreviventes, muitos dos quais estarão feridos. As áreas devastadas não estarão aptas a receber esses animais de volta no verão. Ele diz que falou com pessoas que passaram por isso em outros locais e é “exatamente assim que acontece com todos”.

Terj Elam, supervisora do departamento de controle de animais de Tuolumme, disse que a agência ficou inundada com pessoas se voluntariando a transportar cavalos, porcos, galinhas e outros animais.

“Eu nunca vi nada assim”, disse ela. “Foi bonito”.

Melanie Hurst, cuja família tem uma fazenda próxima a Jameston, foi uma destas voluntárias. Poucos dias após o início do fogo, ela foi a um pequeno zoológico do Yosemite Pines RV Resort em Groveland com um caminhão e um trailer para ajudar a mover dois macacos, duas alpacas, seis cabras, uma ovelha e dez galinhas para um outro local com espaço apropriado.

“Animais são parte do nosso estilo de vida aqui”, conta Hurt. “Nós queremos ter certeza de que os tutores estão sabendo que podem evacuar os animais com segurança”.

Sem informações sobre a vida selvagem

Enquanto isso, biólogos do Serviço Florestal analisavam os efeitos na vida selvagem. A maior parte da área queimada era habitat de cervos e não foram divulgadas estimativas do número de animais que possam ter morrido ou se ferido devido ao fogo, nem desta espécie nem das demais espécies de animais selvagens da vasta região.

Os biólogos descobriram tartarugas encalhadas em lagoas perto da borda de Yosemite – seu prado pantanoso tinha queimado, e as criaturas sobreviventes foram amontoadas no meio da extensão em que permaneceu um pouco de água.

“Nós esperamos dar um pouco de água àquelas tartarugas”, disse o biólogo Crispin Holland. “Nós também tentaremos arrastar algumas folhagens para dar-lhes cobertura”.

As autoridades do Serviço Florestal também tentaram monitorar pelo menos quatro ninhos de águias nas áreas devastadas pelos incêndios.

O mundo enfrenta a maior seca dos últimos trinta anos, e incêndios florestais de grandes proporções têm ocorrido massivamente em todo o planeta, sendo em grande número na América do Norte, sobretudo nos Estados Unidos e principalmente nos últimos dois anos.

Embora seja de costume divulgar números de mortes humanas, sempre em pequena quantidade (quando acontece), as autoridades nunca divulgam ou simplesmente não sabem o número de animais não-humanos mortos nestas horríveis, longas e trágicas ocorrências.

Grave é também o efeito em escala desses incêndios. Com menos vegetação, o aquecimento global que já é ou deveria ser tema suficientemente preocupante, tende a piorar, afetando mais ainda o degelo das calotas polares, e em breve podendo causar também outros cataclismas marítimos ou seja, as consequências sobre a vida de todo o planeta são gigantescas.

Interessante é que os dois maiores incêndios da história da Califórnia tenham sido causados por caçadores de animais. Pelo que se pode deduzir, esses destruidores de vidas de animais não-humanos têm um potencial realmente notável para a destruição da vida em níveis mais profundos.

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