Uma raia manta dá um salto por cima da água. A maior espécie do mundo, que chega a medir até 7 metros, é avistada saltando em uma baía paranaense, na área de influência do Porto de Paranaguá. Elas dão saltos simples ou duplos e caem de costas na água. (Veja vídeo aqui)
Curiosa com essa aparição, uma pesquisadora catarinense, formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), começou a registrar a ocorrência dessas raias mantas – já são 320 saltos confirmados, que podem ser de indivíduos diferentes ou não. O curioso é que os animais só aparecem em alguns meses do ano, no verão.
Normalmente, a ocorrência das raias mantas é comum em áreas oceânicas, em ilhas ou recifes de coral. A ocorrência delas em estuário (áreas abrigadas onde a água do mar se mistura com a água dos rios) se restringe a registros esparsos na costa dos Estados Unidos e agora na Baia de Paranaguá.
Porém, “aqui é o único lugar no mundo onde elas aparecem sazonalmente”, diz Andrielli Medeiros. Segundo a pesquisadora, o número exato de raias mantas que circulam por aqui ainda é difícil de saber. Ela está levantando diversas hipóteses para explicar sua presença sazonal. Alimentação, reprodução e parto, temperatura da água serão estudados em sua pesquisa de doutorado.
Com o Projeto Raia Manta, agora ela estuda os detalhes da curiosa presença desses animais. “Essas raias aparecem lá há muito tempo. Os pais dos pescadores já as conheciam”, diz a pesquisadora. Ainda que a espécie esteja ameaçada de extinção, essa colônia se manteve graças aos pescadores, que não se alimentam das raias. A baía também é rodeada de áreas de preservação ambiental e não há nem indústrias nem lavouras na região.
No entanto, elas correm alguns riscos. A proximidade com o porto é um deles, por exemplo. A poluição é bastante prejudicial, já que as raias se alimentam filtrando a água e podem sufocar com algum lixo. Além disso, outro problema surge quando as raias voltam ao mar aberto. A pesca industrial pode acabar capturando diferentes animais, como golfinhos, tartarugas e as raias.
Atualmente, Andrielle busca financiamentos, junto com a educadora ambiental Juliana de Ventura Pinna, para entender a migração das raias e comprar uma câmera de qualidade para documentá-las. Outro plano é buscar financiamento em editais de turismo, já que a observação dos saltos das raias são um excelente atrativo para o ecoturismo.
Fonte: Revista Globo Rural