Desde 2017, foram registradas mais de 16 mil mortes de animais silvestres terrestres nas rodovias do Estado do Rio por atropelamento. Com a chegada de mais dois feriados, nesta quarta-feira e na próxima segunda, dia da Consciência Negra, o aumento do tráfego nas estradas fluminenses pede atenção redobrada dos motoristas para evitar acidentes.
O número de animais silvestres atropelados, embora alto, pode ser ainda maior, já que há uma subnotificação, decorrente do pouco monitoramento em grandes vias do estado. O levantamento foi realizado pela professora Dra. Cecília Bueno, coordenadora do Núcleo de Estudos de Vertebrados Silvestres da Universidade Veiga de Almeida (UVA), a partir do cruzamento de registros oficiais disponíveis.
“Hoje o atropelamento de animais silvestres causa um impacto muito severo à fauna, desde a diminuição de indivíduos à extinção total. É preciso aumentar o monitoramento. Hoje o sistema mais completo é o da BR- 040, no trecho concessionado pela Concer, que tem recolhimento de dados 24 horas por dia”, explicou a especialista.
A professora, que participou da criação de um aplicativo chamado “RJ é o bicho”, voltado para registros de acidentes envolvendo animais em rodovias, explica que, além de registrar a ocorrência, chamar os responsáveis para prestar socorro aos animais é fundamental:
“O ideal quando se atropela ou encontra um animal ferido ou morto é chamar a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os inspetores de tráfego da região ou o Corpo de Bombeiros (193). É importante também dar a mesma atenção para todos os animais, independentemente da espécie. Geralmente as pessoas propositalmente atropelam serpentes, mas param quando veem animais considerados ‘fofos’, como a preguiça”.
Quais cuidados tomar?
Um fator importante em acidentes envolvendo animais é não tentar manuseá-lo sem a instrução correta. Isso porque, dependendo do animal e do nível do ferimento, movê-lo pode machucar mais o animal — além de oferecer riscos também a quem o manuseia.
Na estrada, é preciso ter atenção redobrada em viagens feitas ao anoitecer, por ser um horário de maior movimentação de animais de diversas espécies. Em trechos próximos a rios e cachoeiras, o ideal é diminuir a velocidade por serem regiões de natureza predominante.
Em trilhas, rios e cachoeiras, onde os animais estão em seu habitat, o ideal é não invadir o espaço dos animais, porém, Dra. Cecília indica ainda que, ao notar sinais de sede e calor intenso em algum animal, o que pode ser feito para ajudá-lo é deixar água disponível, sempre sem entrar em contato direto, independente da espécie.
“Com a fragmentação que estamos observando na paisagem, muitas vezes a floresta fica ilhada e sem um corpo d’água. Se você encontra um animal em situação de extremo calor, pode oferecer água em um potinho próximo ao animal, sem tocá-lo, e ele vai conseguir chegar até a água para regular sua temperatura de novo”, indicou a coordenadora de estudos de silvestres.
Fonte: O Globo