Os elefantes não foram exterminados por suas presas de marfim, mas por suas peles, arrancadas enquanto os corpos ainda estão aquecidos. O restante dos cadáveres são deixados para apodrecer.
Recentemente, Michael Grove, secretário do Meio Ambiente do Reino Unido, anunciou planos para proibir a venda de marfim do país em uma tentativa de salvar os animais em todo o mundo. Porém, um número recorde de elefantes asiáticos enfrenta uma nova caça epidêmica de suas peles que são transformadas em joias.
Monica Wrobel, presidente de proteção da Elephant Family, declarou: “A manada foi rastreada, morta e cada pedaço de pele foi levado”. A pele é usada para a produção de miçangas vermelhas, que são vendidas como braceletes e colares que custam até £75.
A demanda pelas joias ilegais já é tão alta na China que os traficantes têm exigido que os caçadores forneçam mais peles de elefantes. Em 2016, guardas-florestais encontraram mais de 60 animais retalhados por suas peles em Myanmar, que é agora o epicentro dessa extrema crueldade.
Este ano tem sido pior. Investigadores localizaram 66 trombas em apenas uma operação. Duas manadas foram mortas e mais seis elefantes esfolados foram descobertos em apenas seis semanas.
Se a demanda continuar crescendo nesse ritmo, os animais ameaçados podem ser caçados até serem extintos em apenas dois anos.
Christy Williams, diretora da WWF de Myanmmar, disse: “Esta é a última chance para os elefantes de Myanmmar. A caça e o esfolamento estão em níveis sem precedentes. Se isso continuar, pode provocar a extinção dos elefantes selvagens daqui”.
Há apenas 20 anos, as florestas do país eram consideradas um refúgio seguro para os elefantes asiáticos, mas o aumento da caça dizimou 10 mil animais. As tentativas de protegê-los podem ser minadas pelo agravamento da crise humanitária no país.
Os especialistas receiam que existem menos de 1400 elefantes selvagens na região. A proibição do comércio de marfim no Reino Unido pode ajudar os elefantes, porém os especialistas apontam que a demanda pelas peles pode fazer com que desapareçam de Myanmar até 2019. As mães e bebês eram imunes à caça de marfim, mas agora são alvos, o que impede a reprodução das espécies.
Como os caçadores utilizam dardos envenenados para não danificar as peles, os animais enfrentam uma morte agonizante. “Pode levar até três dias para um elefante morrer. Eles suportam uma dor terrível. Como alguém que já viu muitas mortes de elefantes, estou chocada com a brutalidade desses caçadores”, disse Williams.
No passado, a medicina chinesa utilizava pele de elefante para aliviar dores estomacais e como ingrediente de uma pasta usada para dores causadas pela artrite e para doenças de pele. Até agora, os médicos usavam as peles de animais encontrados por aldeões ou que eram mortos para a alimentação.
Isso mudou em 2014, quando miçangas feitas com elefantes começaram a ser vendidas em mercados, tanto em Myanmar como na China. Segundo o Mirror, a ocorrência coincidiu com o aumento dramático do número de cadáveres retalhados que tiveram as peles arrancadas.
Em 2016, a Elephant Family descobriu que a maior parte da pele é traficada por Mong La, uma cidade de fronteira sobre a qual o governo de Myanmar não possui nenhum controle. O local era notavelmente um ponto para o tráfico da vida selvagem e também para a prostituição infantil.
Com sua população de 1,4 bilhões de pessoas, a obsessão chinesa pode exterminar os elefantes de todo o mundo em apenas algumas décadas. Se a demanda crescer, os paquidermes africanos podem ser os próximos. O Vietnã e a Tailândia são locais usados pelos traficantes para transportar produtos derivados de animais.
O ex-policial John diz: “Temos que nos concentrar na demanda pela pele de elefante. Se falharmos, as consequências serão catastróficas”.