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INTERAÇÕES INDESEJADAS

Macacos sofrem com assédio de humanos em grande ponto turístico asiático

Turistas estão alimentando os macacos e criadores de conteúdo os perturbam para gerar engajamento nas redes sociais

6 de fevereiro de 2025
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Foto: Apsara National Authority (ANA)

O famoso complexo de templos de Angkor Wat, Patrimônio Mundial da UNESCO localizado no Camboja, está atualmente no centro de um conflito que expõe a exploração e o desrespeito aos macacos que habitam a região. Esses animais, que deveriam viver livres e em harmonia com seu ambiente natural, estão sendo vítimas de ações humanas irresponsáveis, que violam seus direitos básicos à liberdade e ao bem-estar.

O aumento de confrontos entre macacos e visitantes humanos não é um problema causado pelos animais, mas sim uma consequência direta da interferência humana em seu comportamento natural. Turistas que alimentam os macacos e criadores de conteúdo que os assediam para gerar engajamento nas redes sociais estão perturbando o equilíbrio ecológico e transformando esses animais em reféns de suas próprias necessidades.

A alimentação artificial e o assédio constante estão alterando drasticamente o comportamento dos macacos, tornando-os mais dependentes dos humanos e, em muitos casos, mais reativos como forma de defesa ou sobrevivência.

ONGs de defesa dos direitos animais, como a Action for Primates, Lady Freethinker e Stop Monkey Abuse Asia, têm denunciado repetidamente essas práticas abusivas. Elas destacam casos chocantes de macacos sendo domesticados para conteúdo de mídia social e depois abandonados, ou perseguidos e provocados por operadores de câmera que buscam reações dramáticas para vídeos. Essas ações não apenas desrespeitam os direitos animais, mas também os expõem a situações de estresse, medo e perigo.

“Apresentamos evidências de macacos que foram mantidos como ‘pets’ em residências e depois abandonados para criar ‘drama’ em conteúdo online; macacos sendo perseguidos incessantemente por operadores de câmera, interferidos e abusados”, disse o porta-voz da Action for Primates ao The Phnom Penh Post. “Há uma necessidade urgente de implementar um plano de manejo humanizado, parte do qual deve incluir a aplicação de uma proibição rigorosa de interação e alimentação dos macacos por pessoas.”

É fundamental entender que os macacos não são objetos de entretenimento ou ferramentas para ganhos nas redes sociais. Eles são seres sencientes, capazes de sentir dor, medo e angústia, e merecem viver livres de exploração e abuso. A alimentação forçada e o assédio não só prejudicam sua saúde física e mental, mas também comprometem sua capacidade de viver de acordo com seus instintos naturais.

As autoridades locais, como a Apsara National Authority (ANA), reconhecem o problema, mas as medidas tomadas até agora são insuficientes. É urgente implementar um plano de manejo ético e humanizado, que priorize o bem-estar dos macacos e proíba categoricamente qualquer forma de interação humana que os coloque em risco. Isso inclui a proibição de alimentação por turistas e a fiscalização rigorosa contra criadores de conteúdo que exploram esses animais para ganhos pessoais.

Além disso, é essencial educar os visitantes sobre a importância de respeitar a vida selvagem e os direitos dos animais. Os macacos de Angkor Wat não são atrações turísticas, mas seres vivos que merecem viver em seu habitat sem interferência humana. Cabe a todos nós, como sociedade, repensar nossa relação com a natureza e garantir que os direitos dos animais sejam respeitados, não apenas em Angkor Wat, mas em todos os lugares onde humanos e animais compartilham o mesmo espaço.

Em vez de culpar os macacos por suas reações, devemos reconhecer que eles são vítimas de uma dinâmica imposta pelos humanos. A verdadeira solução está em mudar nosso comportamento, parar de explorá-los e permitir que vivam com a dignidade e o respeito que merecem.

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